Estudo clínico e epidemiológico de crianças expostas ao vírus Zika durante o período gestacional
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/10996 http://dx.doi.org/10.22409/PPGCM.2019.d.07431529724 |
Resumo: | Introdução: Em 2015, ocorreu o primeiro caso de infecção pelo vírus Zika (ZIKV) no Brasil. Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o ZIKV como uma emergência de saúde pública devido à forma de transmissão vertical do vírus, denominada síndrome da Zika congênita (SZC) e caracterizada por microcefalia e outras alterações neurológicas, oftalmológicas, auditivas e ortopédicas. Atualmente, há necessidade de conhecer melhor o seu impacto na evolução clínica das crianças infectadas na vida intrauterina. Objetivos: avaliar e descrever as manifestações clínicas de crianças nascidas de mães que apresentaram exantema na gestação, expostas ou não ao ZIKV, e de crianças com SZC, independentemente da história materna de exantema na gestação, acompanhando-as nos primeiros 18 meses de vida. Métodos: O trabalho foi dividido em duas partes: (a) Estudo 1 - Estudo observacional longitudinal, prospectivo, de crianças de até 18 meses de vida, nascidas de mães que apresentaram exantema durante ou até três meses antes da gestação, e que foram admitidas até julho de 2018. Os participantes foram divididos em três grupos: Grupo 1 - crianças cujas mães apresentaram exantema na gestação e RT-qPCR positiva para Zika; Grupo 2 - crianças cujas mães apresentaram exantema na gestação e RT-qPCR negativa para Zika e Grupo 3 - crianças nascidas de mães com exantema na gestação sem investigação laboratorial para Zika. (b) Estudo 2 – Estudo longitudinal, observacional em crianças com suspeita da SZC cujas mães não referiram exantema na gestação. Resultados: Estudo 1: A população em estudo foi de 108 crianças, sendo: 43 no Grupo 1, 26 no Grupo 2 e 39 no Grupo 3. A maioria (70%) das crianças foi admitida até seis meses de vida e a mediana da frequência das consultas foi de cinco (IIQ: 1-8). A SZC foi diagnosticada em 26 (24,1%) crianças, igualmente distribuídas nos Grupos 1 e 3, das quais 18 tinham microcefalia (seis com microcefalia pós-natal). A chance de a SZC ocorrer nas crianças cujas mães tiveram exantema no primeiro trimestre foi 10 vezes superior à mesma chance em relação aos outros trimestres (RC: 10,35; IC95%: 3,52 – 30,41). O diagnóstico da SZC durante o seguimento ocorreu até os 10 meses de vida em 53,8% dos casos. Atrasos do desenvolvimento e alterações motoras ocorreram em todas as crianças e persistiram até os 18 meses. A presença da microcefalia foi um fator determinante para a gravidade das manifestações neurológicas, estando significativamente associada à maior frequência de epilepsia (RC: 15; IC95%: 1,98 - 113,16). Epilepsia foi diagnosticada em 69,2% dos casos. Não houve casos novos de SZC no seguimento feito dos 12 aos 18 meses. Estudo 2: Das 43 crianças encaminhadas com suspeita da SZC, 13 (30%) foram confirmadas por critérios clínicos e radiológicos, com características semelhantes àquelas do Estudo 1. Outras causas foram: encefalopatia hipóxico-isquêmica (8 casos), encefalopatia crônica não progressiva indeterminada (2 casos), toxoplasmose congênita (1 caso) e microcefalia primária (2 casos). Dezessete crianças foram encaminhadas por microcefalia, mas normalizaram a medida do perímetro cefálico durante o seguimento até os 24 meses, além de neuroimagem e exames clínicos normais. Conclusões: Crianças nascidas de mães que apresentaram exantema na gestação e/ou crianças com suspeita da SZC independentemente da sintomatologia materna na gestação necessitam monitoramento ambulatorial criterioso, mesmo quando assintomáticas ao nascer. O seguimento clínico no primeiro ano de vida, associado à neuroimagem, são importantes ferramentas na investigação diagnóstica das crianças com suspeita da SZC. A SZC deve ser sempre pensada no diagnóstico diferencial das microcefalias da primeira infância. Estudos de seguimento são importantes para saúde pública, na medida em que auxiliam no desenvolvimento de metas para a detecção das alterações de forma eficiente, otimizando a abordagem da estimulação precoce |