O modelo cognitivo idealizado da ansiedade e suas materializações na linguagem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Costa Júnior, Daniel Felix da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/10132
Resumo: O presente estudo tem como objetivo geral a investigação da conceptualização da ansiedade, evidenciada em textos escritos na variante brasileira da língua portuguesa. Esse objetivo é mais especificamente direcionado à descrição do modelo cognitivo idealizado (MCI) da ansiedade, que é composto por mapeamentos metafóricos e metonímicos, além de conceitos relacionados que estruturam o espaço mental desse MCI. A motivação da pesquisa está no fato de a ansiedade representar um tema recorrente nos debates do mundo contemporâneo, principalmente em sociedades de economia globalizada. Nesse contexto, o fenômeno emocional da ansiedade sofre um processo de patologização, devendo, assim, ser “combatido”, “curado”, “controlado” e/ou “acalmado”. A investigação é orientada por duas hipóteses: a de que os estados mentais da crença e do desejo são relevantes para a compreensão das emoções ansiosas e a de que o domínio conceptual da doença não ressignifica a emoção da ansiedade, apenas avulta o seu sentido. A filiação teórico-metodológica apoia-se em três eixos: a teoria da metáfora conceptual, de Lakoff e Johnson (1980 [2002]), a teoria de conceitos emocionais de Kövecses (1991, 2000, 2008) e a teoria de estados mentais intencionais de Searle (1983 [2002]). Os corpora utilizados na análise foram constituídos a partir da segmentação da ansiedade em dois frames: o da emoção e o da doença. O primeiro corpus analisado é composto de doze reportagens colhidas dos jornais eletrônicos O Globo e Folha de S.Paulo; e o segundo é constituído por cento e dez frases colhidas de mecanismos de buscas da internet. A análise de ambos corpora é direcionada à identificação de unidades lexicais metafóricas, facilitada pelo método desenvolvido pelo grupo Pragglejaz (2007 [2009]). A maioria das metáforas identificadas foram derivações possíveis de metáforas emocionais (KÖVECSES, 2000), metáforas primárias (LAKOFF; JOHNSON, 1999) e metáforas de entidade e personificação (LAKOFF; JOHNSON, 1980 [2002]). A identificação de dezenas de metáforas subjacentes foi relevante para a sistematização de dois submodelos no MCI da ansiedade: ansiedade como estado de almejo e ansiedade como estado de preocupação. Os submodelos são evidenciados pela relação causal dos conceitos dos estados mentais de almejo, de expectativa e de temor, que atuam entre si na definição prototípica de cada frame da ansiedade. Por fim, dentre esses estados mentais, a expectativa mereceu um foco maior, por ser determinante tanto para o frame da emoção quanto para o frame da doença. Tal enfoque evidenciou a metáfora ANSIEDADE É EXPECTATIVA DE ENCOMENDA, que organiza a compreensão estrutural do MCI da ansiedade. Essa múltipla perspectiva na análise, dentro do arcabouço da linguística sociocognitiva, revelou a complexidade do conceito de ansiedade em nossa língua e cultura