Rock, rupturas e rasuras: divergências sociopolíticas e a emergência de ex-fãs

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pilz, Jonas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/25074
Resumo: O exame principal desta tese reside na identificação de rasuras e processos de desvinculação na relação fã-artista de rock, de onde proponho uma noção acerca de ex-fãs. Por rasuras, me refiro às manifestações públicas de decepção e repúdio em recentes crises midiáticas tonificadas por divergências sociopolíticas. Tal fenômeno foi investigado nos episódios envolvendo a banda Apanhador Só (2017), o musicista Roger Waters (2018) e o grupo Dead Kennedys (2019), todos contornados por atitudes inesperadas, que romperam a expectativa de suas e seus fãs, entendendo tais miscelâneas como rupturas de coerência expressiva (GOFFMAN, 2009; PEREIRA DE SÁ, POLIVANOV, 2012). Delimito três principais acionamentos de fundamentação: a pertinência das dimensões políticas do rock’n’roll e seu ethos (GROSSBERG, 1993; 1997; PEDELTY; WEGLARZ, 2013; PILZ; JANOTTI JUNIOR; ALBERTO, 2020); os atravessamentos entre a cultura de fãs (LEWIS, 1992; HILLS, 2005), a cultura digital (AMARAL; SOUZA; MONTEIRO, 2015; BENNET, 2012; HINCK, 2019) e a cultura do cancelamento (NG, 2020; BOUVIER, 2020); e o drama social, de Victor Turner (2008), como uma possível leitura metodológica para tais eventos, onde/quando aflora um estágio liminoide em períodos transitórios de sujeitos. Com inscrições na Análise de Construção de Sentidos em Redes Digitais (HENN, 2014), proponho uma leitura semântica das aproximações e particularidades das manifestações de rasuras em cada crise, além dos modos de gerenciamento dos artistas. Do corpus desta etapa, de observáveis nas plataformas de redes sociais, seleciono quinze co-colaboradores para responder questionários online específicos de cada caso. Deste sumo, meu argumento sinaliza que as rasuras, de maneira geral, são tipificadas por manifestações de repúdio, comparações e acoplagem de tais artistas a uma lista de outros repreensíveis e indesejáveis, não-consumo ou consumo autocrítico da obra musical já lançada, ressignificação de episódios pessoais que envolvem a relação fã-artista e busca por alternativas. O processo de desvinculação, a transição de fãs para ex-fãs, se dá tanto como um cessar definitivo de consumo, quanto como uma negociação de continuidades e descontinuidades permitidas a partir de critérios subjetivos. Em essência, ex-fãs podem ser qualificados pela disposição, pelos esforços em sua performance, ou em suas camadas de visibilidade, para não serem mais identificados como fãs.