Metabolismo lipídico dos pacientes com hepatite C crônica respondedores à terapia antiviral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lacerda, Gilmar de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/30519
Resumo: Introdução: A hepatite C, uma doença infecciosa causada pelo Vírus da Hepatite C (HCV), é a maior causa de transplantes hepáticos no mundo. Apresenta alto grau de cronificação e evolução para formas graves como carcinoma e cirrose. Além disso, pacientes com HCV são mais propensos a desenvolverem esteatose, resistência insulínica e síndrome metabólica. A resposta ao tratamento é precária e fatores ligados ao hospedeiro e ao agente etiológico parecem influenciar no resultado final. O vírus tem uma alta dependência pelo metabolismo lipídico do hospedeiro e parece necessitar de um ambiente enriquecido em lipídeos no interior do hepatócito para que seu processo de replicação tenha êxito. Neste sentido, proteínas que compõem o vírus parecem alterar a homeostase celular tanto estimulando a lipogênese quanto reduzindo a degradação e secreção de lipídeos. Assim, pacientes infectados pelo HCV apresentam na corrente sanguínea concentrações menores de lipídeos em comparação aos pacientes não infectados. Essa dependência é tão estreita que trabalhos in vitro vem mostrando que a interrupção de certas etapas envolvidas na síntese, montagem e secreção de lipídeos consegue também perturbar o ciclo de vida do HCV. Em contrapartida o HCV circula no sangue desses pacientes infectados ligado às lipoproteínas e as mudanças nas concentrações séricas de lipídeos podem se correlacionar com a resposta ao tratamento servindo como marcadores de resposta à terapia antiviral, com os pacientes responsivos tendo concentrações mais elevadas de lipídeos em comparação aos não respondedores. Objetivos: Investigar o lipidograma, a atividade das enzimas Lecitina Colesterol Acil Transferase (LCAT) e Lipoproteína Ligada à Fosfolipase A2 (Lp-PLA2) em pacientes com hepatite C crônica ao término da terapia antiviral. Metodologia: Num estudo observacional, analítico e de corte transversal foram recrutados no ambulatório de gastroenterologia do HUAP pacientes que finalizaram o tratamento para a hepatite C crônica, nos quais se realizou coleta sanguínea com 12h de jejum noturno. Estes pacientes foram agrupados segundo a resposta aos esquemas terapêuticos antivirais em voga no HUAP. Assim, os pacientes que estavam com carga viral indetectável após seis meses do término do tratamento foram alocados no grupo de Resposta Virológica Sustentada (RVS), e no grupo de não respondedores (NR), aqueles que continuaram com carga viral detectável após o término do tratamento. A partir daí os resultados laboratoriais foram confrontados entre o grupo RVS e o NR em busca de diferenças significativas entre os grupos. Resultados: Recrutou-se 72 pacientes, sendo 42 do gênero feminino e 30 do gênero masculino. Destes, 29 eram RVS e a análise das concentrações séricas de lipídeos desse grupo não revelou diferença na fração HDL-colesterol em comparação aos NR, mesmo estratificando por sexo e genótipo. Contudo houve significativa diferença no colesterol total (p= 0,0002), LDLc (p<0,0001), VLDLc (p= 0,0361) e triglicerídeos (p= 0,0361) que foram mais elevados e estatisticamente significantes no grupo RVS em comparação aos NR, bem como a eletroforese de lipoproteínas e atividade da LCAT. O Colesterol e o LDLc correlacionam-se inversamente com a resposta ao tratamento. Estes resultados sugerem que as concentrações séricas de lipídeos pode auxiliar no acompanhamento pós-tratamento dos pacientes tratados para hepatite C crônica.