Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Lopes, Bárbara Camirim Almeida |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/33170
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Resumo: |
Em 2018, a Netflix lançou o vídeo promocional A Great Day in Hollywood, no qual exaltava artistas negros e proclamava que um novo dia, no qual as experiências de negritude antes ignoradas pela mídia seriam finalmente retratadas nas narrativas audiovisuais, estava nascendo. A partir desse ponto de partida, apresentamos uma reflexão sobre como, contemporaneamente, as demandas por diversidade transcenderam as fronteiras do ativismo das minorias e passaram a ser adotadas pelas próprias empresas de mídia, fenômeno que eu chamo aqui de valorização midiática da diversidade. Nesse contexto, propomos uma análise da representação negra nas narrativas seriadas da Netflix. Uma primeira imersão naquelas promovidas como representativas para a comunidade negra pela empresa nos revelou um continuum em relação a como as séries lidam com a questão racial. Em um eixo, temos séries que tendem à neutralidade racial, isto é, embora apresentem um elenco diverso racialmente, afastam-se da discussão em si e criam mundos em que a raça “não é vista”. No outro, séries que tem como centro, desde sua premissa, a discussão racial. Entre esses dois polos, há também as que negociam de diferentes maneiras a relevância da questão racial em sua narrativa. Esta percepção, associada à contribuição teórica de autores como Collins (2004) e Bonilla-Silva (2006), que pensam sobre a constituição de um “novo racismo”, atrelado a ideia de um imaginário pós-racial, e Gray (2013) e Banet-Weiser (2018), que pensam a questão da representação no contexto da valorização midiática da diversidade, foi fundamental para a formulação de nossa hipótese: séries mais próximas do eixo de neutralidade são privilegiadas pela indústria de mídia e ajudam a reforçar um imaginário pós-racial, enquanto séries que se aproximam do eixo de centralidade tendem a confrontar esse discurso, trazendo para o primeiro plano da narrativa situações que evidenciam a relevância das questões raciais para se entender as relações sociais, questões essas que, pelo discurso pós-racial, já pareciam superadas. A partir daí, três obras foram eleitas como casos de estudo: Bridgerton, Cara gente branca e Reunião de Família. Em relação à primeira, mais próxima do eixo da neutralidade racial, concluímos que a resistência em falar explicitamente de questões raciais dentro da narrativa reforça o imaginário pós-racial e seu paradoxo inerente, no qual a “cor” é vista e não vista ao mesmo tempo. Já na segunda, mais próxima do eixo da centralidade racial, observamos a escolha por estruturar a narrativa a partir das questões raciais, por mostrar a experiência negra por diferentes perspectivas e por discutir a própria questão da representação, o que nos levou a concluir que, ao colocar a questão racial como algo que afeta e singulariza a experiência dos personagens nesse mundo, a série confronta o discurso pós-racial. A última, por sua vez, negocia a importância da questão racial na narrativa: não é sua razão de existência, mas reconhece a relevância no mundo ficcional que constrói, se situando assim em um espaço intermediário do continuum proposto e afastando-se também do discurso pós-racial. As análises apresentadas nessa tese representam um esforço inicial em entender como as séries se situam em relação ao discurso pós-racial e o que a “diversidade” vista em seus elencos expressa em termos das discussões correntes sobre raça. Assim, nossa maior contribuição é exatamente propor uma nova perspectiva de análise das representações negras, colaborando para o entendimento do cenário audiovisual contemporâneo, no que diz respeito às relações raciais. |