Escritas multiespécies para habitar o Chthuluceno

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Amorim, Luiza Dantas Benttenmüller
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/31022
Resumo: Os desastres ecológicos já são uma infeliz realidade que atinge diversas criaturas pelo planeta. O aquecimento global cresce a cada ano, junto das incertezas quanto as nossas possibilidades de sobrevivência diante do Novo Regime Climático. Para que possamos continuar vivendo em meio ao caos ambiental, é preciso buscar outras formas de nos relacionarmos com o planeta e com os seres que o habitam. É por isso que, para essa pesquisa de mestrado em educação, interesso-me em saber de que modos podemos cultivar coabitações mais gentis com os outros terranos para seguirmos vivendo no mundo e contando as suas histórias. Para isso, mergulho no mundo das ficções, dialogando com o conceito de bolsa de ficção de Ursula K. Le Guin (1989), e das fabulações especulativas de Donna Haraway (2023), a qual provoca debates quanto aos dilemas científicos e aos problemas ecológicos da atualidade a partir de histórias ficcionais. Tomando a ficção como potencializadora de novos olhares para o mundo, realizo movimentos de experimentação com a escrita de literatura por quase todo o texto, redigindo uma narrativa ficcional ao mesmo tempo em que teço discussões quanto às histórias coevolutivas do Chthuluceno, às problemáticas ecológicas do Antropoceno, o estabelecimento dos estudos multiespécies e os possíveis atravessamentos entre ficção e educação. Desse modo, vou imaginando junto com as ideias de vários autores, como Donna Haraway (2023), Bruno Latour (2020), Isabelle Stengers (2015) e Juliana Fausto (2020) para pensar quais novas narrativas e fabulações podem germinar em tempos de desastres ecológicos. Já durante o processo de invenção com escrita, busco inspirações em enredos distintos daqueles que são constantemente difundidos entre as sociedades patriarcais capitalistas, como as narrativas tradicionais japonesas, eslavas e indígenas, para refletir sobre quais novas ideias e cenários podem florescer a partir do contato com histórias que não se restrinjam a um ideal capitalista de existência. Seria possível que os discursos presentes nas histórias ficcionais nos ajudem a vislumbrar outras formas de habitarmos o mundo e resistirmos, junto a tantas outras criaturas terranas, ao desastre climático? Ainda, seria possível desenvolver uma ciência mais plural e aberta a outras concepções que não se resumam aos ideais europeus e norte-americanos de produção científica? Essas e outras perguntas vão me envolvendo durante a pesquisa, assim como o desejo de desenvolver educações que proliferem novos significados e modos mais gentis de nos relacionarmos com os seres terranos para habitarmos o Chthuluceno de modo mais responsável.