O ensino de Língua Espanhola na rede municipal de educação de Niterói: ideologias linguísticas e o currículo pela perspectiva glotopolítica

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Gomes, Ana Paula Fernandes
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Política Linguística; Glotopolítica; Ideologia Linguística; Currículo; Análise de Discurso Crítica; Análise do discurso; Política linguística; Ideologia; Política lingüística; Ideología lingüística; Análisis Crítico del Discurso
• Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/25134

A presente pesquisa tem como objetivo analisar as ideologias linguísticas imbricadas no processo de elaboração das diretrizes curriculares para o ensino de língua espanhola nos últimos anos do Ensino Fundamental, na Rede Municipal de Educação de Niterói. Dentro da linha de pesquisa “História, política e contato linguístico”, este estudo pretende observar as políticas linguísticas brasileiras para o ensino de língua estrangeira, sobretudo, do espanhol, nos diversos contextos sócio-políticos e as suas consequências glotopolíticas. Neste sentido, a publicação da Base Nacional Comum Curricular (doravante BNCC) publicada em 2017, trouxe mudanças significativas para a educação brasileira e impactou o ensino de língua estrangeira ao tornar obrigatório o ensino da língua inglesa nos últimos anos do Ensino Fundamental, fragilizando o ensino de outras línguas. Essa política linguística excludente e autoritária se deu em um contexto político controverso e suscitou reações em todo o Brasil em defesa de um ensino plurilíngue e democrático. A língua espanhola foi, de sobremaneira, afetada já que havia conquistado uma posição de destaque na educação a partir da publicação da Lei 11.161 de 2005, que tornava obrigatória a oferta do idioma pelas escolas nos currículos plenos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Em consequência da política educacional centralizadora expressa na BNCC, estados e municípios tiveram que reformular suas propostas curriculares em observância às determinações contidas no documento. Em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, a rede de educação municipal iniciou, em 2019, o processo de elaboração das matrizes curriculares em consonância com a BNCC. No entanto, optou-se por manter uma proposta educacional plurilíngue mantendo a oferta da língua espanhola nos últimos anos do Ensino Fundamental. Neste contexto, trazemos o currículo de língua estrangeira para o centro do debate glotopolítico em nossa pesquisa, entendendo que, como um dispositivo normativo e instrumento linguístico, ele é capaz de regular as práticas, modificando a relação entre sociedade e linguagem. A partir do entendimento do currículo como prática discursiva, adotamos a perspectiva da análise de discurso crítica (doravante ADC) para desvelar as ideologias, sobretudo, as ideologias linguísticas que o constituem, através da depreensão de seus aspectos social, discursivo e textual. Para tanto, teremos em vista seu contexto de produção, distribuição e consumo, adotando algumas das várias categorias de análise propostas pela teoria crítica do discurso. Constitui-se como corpus para estudo, o texto de apresentação do componente curricular Língua Inglesa da BNCC, o texto de apresentação do componente curricular Língua Estrangeira da Rede Municipal de Educação de Niterói e o currículo de Língua Espanhola do Ensino Fundamental II desta instituição, estabelecendo um diálogo interdisciplinar entre a abordagem glotopolítica proposta por Arnoux (2010, 2016), Del Valle (2005, 2007, 2010, 2014, 2016), Guespin e Marcellesi (1986), Lagares (2011, 2018), e a perspectiva da ADC de Fairclough (2016) com o objetivo de propor uma reflexão com potencial de mudança, através da elucidação de evidências linguísticas e sociais e de seus efeitos políticos. Foi possível concluir, portanto, que uma das crenças e ideias sobre o ensino de língua espanhola materializadas no currículo do Ensino fundamental II, da Rede Municipal de Educação de Niterói, correspondem a ideologias linguísticas fundamentadas no discurso utilitarista, economicista e globalista, empregado para argumentar em defesa das línguas estrangeiras no ensino escolar.