Formação de territórios juvenis: os jovens e as rodas culturais da cidade de Niterói

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Blanco, Letícia de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/33666
Resumo: As rodas culturais, ou rodas de rimas, são manifestações artísticas que unem expressões ligadas ao movimento Hip Hop (o break, o grafite, o rap, o DJ, batalhas de rima, poesia) em espaços públicos da cidade. Os jovens periféricos, muitas vezes, não encontram abertura na cena cultural tradicional, recorrendo às rodas culturais, que no momento estão respondendo informalmente aos anseios de uma juventude diversa e criativa. O objetivo geral da pesquisa é investigar de que forma as rodas culturais se consolidam como territórios juvenis. Ao tratarmos, nesta pesquisa, de espaços públicos da cidade socialmente construídos e produzidos por diferentes grupos sociais e atravessados por relações de poder, como as praças e ruas onde acontecem as rodas culturais da cidade, elencamos como conceito central da pesquisa: o território. Este se caracteriza pela sua dimensão social, econômica, política e cultural, frutos da relação de dominação e apropriação dos sujeitos e grupos em uma determinada porção do espaço. Em relação aos sujeitos da pesquisa, temos como recorte os jovens que frequentam as rodas culturais de Niterói (espectadores, organizadores, poetas e MCs). Em termos de abordagem metodológica, trata-se de uma pesquisa qualitativa. A metodologia se dividiu em cinco etapas: pesquisa exploratória baseada em revisão de literatura mediante levantamento bibliográfico em bases de dados; pesquisa de campo pautada na técnica da observação participante em cinco rodas culturais da cidade de Niterói; produção de um questionário para os jovens que frequentam os eventos; mapeamento das rodas culturais na cidade, seguindo a metodologia da Cartografia da Ação Social e levantamento e análise das poesias recitadas que versam sobre a cidade em seus diferentes contextos (social, econômico, político e cultural). Mediante a análise das poesias, percebeu-se que os poetas reconstroem cenários do dia a dia por meio de versos e rimas, criando uma “cidade do pensamento” que é traduzida em palavras e figurações mentais imagéticas que são geradas pela escuta das poesias. Nos saraus de poesias os artistas com suas vozes, denunciam e revelam as violações de direitos que passam todos os dias, sendo alguns temas recorrentes como: violência policial nas comunidades, fome, dificuldade de acesso à educação, mobilidade urbana ainda precária, preconceitos sociais. Conclui-se que as rodas culturais se consolidam como territórios juvenis visto que nelas os jovens se apropriam dos espaços que ocupam, se posicionam, celebram, forjam suas identidades e firmam grupos. A partir das rodas culturais a juventude periférica tem mostrado sua força política por meio de mobilizações e organizações através desses eventos, requerendo do Estado políticas públicas que garantam a liberdade de expressão e reconheçam o uso do espaço público para as suas práticas culturais. As rodas culturais, em prol dos seus objetivos e interesses em comum, têm se organizado politicamente para atuar no processo de planejamento urbano. No entanto, os seus anseios esbarram nos interesses de outros atores sociais que possuem outros valores e princípios para organização do espaço, havendo assim um conflito de territorialidades.