Efeitos cardiorrespiratórios de diferentes pressões intra-abdominais em ovinos (Ovis aries) para realização de videolaparoscopia sob anestesia geral inalatória

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Nascimento, Paulo Roberto Loureiro do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/26680
http://dx.doi.org/10.22409/MPV-CV.2022.d.01022275780
Resumo: Procedimentos cirúrgicos por videolaparoscopia são amplamente utilizados atualmente, pois suas vantagens são inúmeras, como o fato de serem muito menos invasivos, promoverem menor tempo de hospitalização e reduzirem a dor no pós-operatório. A insuflação de CO2 na cavidade peritoneal é necessária para tais procedimentos, porém, a aplicação deste gás no organismo muitas vezes leva a efeitos deletérios sobre os sistemas orgânicos, principalmente no cardiovascular e respiratório, dependendo da pressão exercida e do tempo de exposição. O modelo experimental suíno é utilizado, há décadas, para estudos sobre as alterações cardiopulmonares e hemodinâmicas decorrentes do pneumoperitônio. Contudo, este modelo animal não parece ser tão fidedigno para avaliação dos traumas ocasionados nos sistemas cardiovascular e respiratório. Estudos sobre a avaliação de danos pulmonares em ovinos, entretanto, demonstraram grande correlação entre o grau de comprometimento da oxigenação e da fração de shunt intrapulmonar nesses animais comparando-se aos humanos. Posto isso, o presente estudo utilizou um novo modelo experimental animal, utilizando a espécie ovina, no que diz respeito as alterações sobre os sistemas cardiovascular e respiratório, provocadas pelo pneumoperitônio, utilizando pressões intra-abdominais de 0,10, 12 e 15 mm Hg e um tempo de exposição ao mesmo de 60 minutos. Resultados: No final, as pressões de pico (Ppico, RS), platô (Pplat, RS) e condução das vias aéreas (∆P, RS) foram maiores em G3 e G4 do que G1 (Ppico, RS: p=0,004, p=0,002; Pplat, RS: p<0,001para ambos; ∆P, RS: p=0,002, p<0,001, respectivamente). A potência mecânica foi maior no G3 do que no G1 (p=0,019). A PaCO2 foi maior e a PaO2/FiO2 menor noG3e G4, sem alteração do pHa. A fração de ejeção (FE) e o encurtamento fracionado(FS) diminuíram respectivamente em G3 (59,7 ± 5,8%; 31,2 ± 3,7%) eG4(58,1±6,9%; 29,7 ±5,1%). A velocidade do fluxo venoso pulmonar (PVF Vel) foi maiornoG4 do que no G3 (p=0,034). A análise de correlação de Spearman (r) da variação percentual de PVF Vel vs. ∆P,RS foi negativa em G3 (r=-0,740; p=0,018) eG4(r=-0,324; p=0,356); Ppico, RS vs PVF Vel e Pplat, RS vs PVF Vel foi negativo em G3(r=-0,067, p=0,857; r=-0,638, p=0,052) e G4 (r=-0,401, p=0,250; r=-0,290, p=0,411);PVF Vel vs. PaCO2 apresentou correlação positiva no G4 (r=0,401; p=0,2500.Conclusão: O aumento da PIA em até 15 mm Hg pode acarretar o comprometimento da mecânica do sistema respiratório e fluxo venoso pulmonar compatível como efeito de espaço morto e consequente elevação da PaCO2. As alterações foram acompanhadas por diminuição da função ventricular esquerda, o que poderia levar a estase venosa e aumento retrógrado da pressão venosa em direção da unidade alveolar. Mesmo diante dessas observações, do ponto de vista clínico, podemos concluir que o protocolo anestesiológico se mostrou adequado, quanto aos parâmetros ventilatórios, hemogasométricos e hemodinâmicos, para uma PIA de até15 mm Hg, na espécie em estudo com perspectivas translacionais.