Maryse Condé, relatos (auto) biográficos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Ribeiro, Aída Maria Jorge
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/3789
Resumo: Esta tese se propõe a discutir em que medida a literatura constitui um viés de resgate memorial de um indivíduo e, ao mesmo tempo, da sociedade em que se insere. Também pretende mostrar como as leituras constituem uma genealogia literária e colaboram para a formação da identidade de leitores e escritores. Para tal, serão consideradas quatro obras da escritora antilhana Maryse Condé: Le coeur à rire et à pleurer- souvenirs de mon enfance (1999), Victoire, les saveurs et les mots (2006), La vie sans fards (2012) e Mets et merveilles (2015). Entre Maryse Condé e seu leitor, que entra (ou não) no jogo proposto pela narrativa autobiográfica, estabelece-se uma espécie de “pacto” entre quem escreve e quem lê: de um lado, tem-se a autora, desejosa de escrever, de ser lida e reconhecida, que se compromete a dizer a (sua) verdade, esperando, em troca, um comprometimento afetivo por parte do leitor; do outro lado, encontra-se o leitor que, perante as vivências partilhadas com a narradora, dificilmente permanecerá incólume, manifestando reações diversas (da adesão à rejeição, da identificação ao distanciamento), podendo mesmo colocar-se a si próprio em causa. Esse jogo, aliás, é proposto em todo texto literário, mas no caso da narrativa autobiográfica, a cooperação textual é ainda mais premente, já que o sucesso da sua recepção depende da predisposição do leitor para pactuar com uma lógica discursiva que cria uma teia narrativa de ilusões, que parece ser uma coisa, mas que, na realidade, pode ser muitas outras. A escritora antilhana, nesses relatos, recorda, escreve e lê o passado, o que implica necessariamente a evocação de uma ausência recuperada pelo poder das palavras através da memória ou da imaginação transfiguradoras. Nesse sentido, os relatos (auto) biográficos de Condé são narrativas que representam um desafio face ao esquecimento e às traições da memória, uma possibilidade face às dificuldades enfrentadas na busca do autoconhecimento e uma confirmação das capacidades da linguagem para recuperar e recriar vivências e mundos possíveis. Eles constituem, afinal, um contributo literário para a busca de respostas em torno das inúmeras questões sobre a autobiografia, seus modos de fazer e seus modos de ler, sugestões de receitas (sempre mutáveis, é claro) sobre os modos possíveis de se contar a própria vida, sempre um compósito da vida dos seus, dos lugares pelos quais passou e também de suas leituras e incontáveis interpretações