Do espaço privado à privação dos espaços: representação e retração do espaço público em São Gonçalo-RJ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Nepomuceno, Marco Lourenço
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28082
http://dx.doi.org/10.22409/POSGEO.2019.m.05856898737
Resumo: Se a cristalização de um núcleo de representações pode servir ao bloqueio do devir de uma cidade e da amplitude do seu uso, procurou-se, nesta dissertação, adentrar aquelas que se colocam sobre São Gonçalo, sobrepondo-a: buscamos compreendê-las – as representações – para desfazer seus nós, observá-las para poder ver além delas. Um desdobramento deste esforço, inicialmente, se deu através da tentativa de tensionar o conceito de cidade-dormitório com a cidade em si: suas formas e as práticas que a atravessam. Entende-se que o conceito de cidade-dormitório, há muito presente nas discussões sobre São Gonçalo, provoca, ao evidenciar-se, uma ausência: as várias possibilidades de se enxergar e representar a cidade se ofuscam sob a presença constante do conceito, assim como o lado iluminado da lua esconde sempre a sua contraface oculta. Um dos temas que permanecem encobertos por conta desta representação dominante é uma maior compreensão do espaço público da cidade e do seu uso comum. Partindo do entendimento de que o espaço público permeia toda a malha urbana e, portanto, está presente em toda ela, procuramos por indícios materiais e imateriais que demostrem o seu retraimento ou a sua abertura, tendo por contexto o tecido urbano gonçalense, mais especificamente o centro da cidade. Sabendo que os sujeitos moldam as formas urbanas que, por sua vez, moldam os sujeitos, exploramos um tipo de abordagem que trata tanto do ambiente construído quanto das práticas dos sujeitos na cidade – ville e cité –, não se esquecendo, neste percurso, além da maneira que se vive na cidade, a maneira que se quer viver nela. Como um exercício, propomo-nos, por fim, um pensamento proposicional do tipo prático, tentando apontar, materialmente, alguns modos de abrir a cidade. Aqui, entende-se que o espaço público deve ser mais que um suporte para o fluxo ou um espaço árido, pensado para reduzir o risco – pensá-lo unilateralmente sob os aspectos da mobilidade ou da segurança é restringir bruscamente as suas possibilidades. Vivendo num mundo cada vez mais globalizado e progressivamente urbano, o contato com estranhos se coloca como uma realidade inelutável: será preciso, portanto, não somente aprender a lidar com a fricção das diferenças, mas saber, deste contato, extrair benefícios. Para além das diferenças sectarizadas, polarizadas e fechadas em si, procurar a permeabilidade entre elas; descobrir, nas diferenças, o comum. O espaço público toma centralidade nesta discussão: para conviver e aprender a compartilhar um sentido, um horizonte comum, será preciso, antes de tudo, compartilhar um espaço.