O desfolhar-se lírico e vegetal na poesia de Cecília Meireles

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pereira, Bruna de Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/24839
Resumo: Na lógica extrativista, a natureza é percebida como exterior à vida humana. A relação hierárquica, segundo a qual a vida vegetal estaria subordinada ao homem, tem suas origens no século XVIII com a publicação de O Sistema da Natureza (1735) compilado por Carl Linné, livro no qual o naturalista elabora um sistema de classificação para as plantas que contribui para uma tradição que as configura como objeto passivo e subordinado à interferência do homem, especificamente dos naturalistas, para sua ordenação. Isso posto, a presente dissertação apresenta a discussão da relação entre o humano e a existência vegetal em poemas selecionados de Cecília Meireles (1901- 1964), a fim de perceber, a partir de uma perspectiva decolonial e de perspectivas ecofeministas, de que forma a visão poética da natureza em Cecília apresenta aspectos que vão ao encontro de uma desconstrução epistemológica da representação das plantas. As representações da flora nos poemas “Desenho” e “Romãs” viabilizaram discutir como a associação entre natureza e feminino aparece no pensamento moderno, bem como seus desdobramentos. Outrossim, destaca-se nas análises de “Papéis” e “Sonho de Maria Alice” como a linguagem e visão poéticas delineiam a relação com os vegetais, permeando pontos recorrentes na obra de Meireles, como a questão do sagrado. Na tensão entre o eterno e o efêmero nos poemas “Campo” e “Poema da humildade”, averígua-se de que forma os recursos poéticos utilizados por Cecília correspondem à ideia de um equilíbrio dinâmico, no qual seres humanos são percebidos como parte integrante do mundo natural. Em “Por Baixo dos Largos Fícus” e “Amor- perfeito”, identificam-se os movimentos das flores e folhas como característica de uma natureza interativa e comunicativa. Por fim, nos versos de “Briônia” e “Renúncia”, ressalta-se a magia da natureza, através da compreensão de um pensamento da ordem sensível elaborado pela representação das plantas nos poemas. Ao longo da dissertação, explora-se o desfolhar-se tanto como recurso lírico recorrente na poética de Meireles quanto como movimento orquestrado pela flora representada nessa poesia. Desse modo, o espaço erigido pela poesia ceciliana convida à outra forma de percepção da vida vegetal, uma perspectiva antiextrativista, apresentando uma natureza criativa e encantatória.