Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Kawahara, Ivan Zanatta |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/32964
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Resumo: |
Ao longo da segunda metade da década de 90 e da primeira década do século XXI, houve um significativo avanço nos estudos sobre o mercado imobiliário em favelas no Brasil. O tema deixou de ser abordado apenas nas pesquisas sobre o mercado imobiliário em geral, as favelas, a estrutura urbana, a pobreza e outros temas relacionados e passou a constituir um objeto e uma agenda de pesquisa próprios. No entanto, pouco se avançou no estudo da produção imobiliária. As pesquisas, de modo geral, se concentraram na venda e aluguel dos imóveis existentes, limitando a análise da produção à pequenas subdivisões. Mesmo essas subdivisões foram pouco abordadas, alegando sua baixa relevância no processo como um todo. No entanto, os acontecimentos recentes estabeleceram a necessidade de uma compreensão mais profunda da produção imobiliária nas favelas. A retomada do crescimento das favelas do Rio de Janeiro indicada pelos estudos do Instituto Pereira Passos (IPP), assim como a queda de dois prédios na Muzema, que revelaram uma produção imobiliária sistemática e orientada para o mercado, além de um profundo envolvimento das milícias nessa produção, impuseram sua inserção no debate público em diversos campos da sociedade (como nas instituições governamentais, na mídia, nos trabalhos acadêmicos, entre outros). A centralidade dos estudos na circulação (venda e aluguel) resulta na redução da importância das estruturas e dos agentes locais. Se a produção tem pouca importância, é possível tratar o mercado imobiliário a partir das preferências da demanda que são movidas primordialmente pela inserção da favela em relação ao restante da cidade, por exemplo, a proximidade a oportunidades de trabalho, serviços ou meios de transporte. O único elemento da estrutura local, nesse caso, seria as relações familiares e de amizade que determinariam uma maior ou menor mobilidade entre favelas ou no interior delas. Ao enfatizar a produção imobiliária, imediatamente é colocada a necessidade de estudar as estruturas locais, expressas, por exemplo, nos modos locais de regulação da construção e da propriedade; nas disputas internas de poder, que envolvem organizações públicas e da sociedade civil como as associações de moradores, as ongs, os movimentos sociais, o tráfico, a milícia, as Unidades de Polícia Pacificadoras – UPPs –, os Postos de Orientação Urbanística e Social – POUSOs – e as Regiões Administrativas – RAs e nos interesses de frações economicamente estabelecidas, como os proprietários, os locadores, os locatários e os empregadores que, a depender da conjuntura, assumem posições antagônicas; elementos que estão amplamente relacionados com a produção do espaço. Nesse sentido, tenho buscado, desde a minha dissertação de mestrado, uma abordagem do mercado imobiliário em favelas que coloque a produção e as estruturas locais no centro da análise. Acredito que essa reestruturação pode ampliar tanto extensiva como intensivamente a abrangência dos estudos, pois permite estabelecer um nexo mais claro do mercado imobiliário em favelas com a dinâmica da sociedade como um todo, ao mesmo tempo em que, ao se aprofundar nas estruturas locais, enfatiza as particularidades dos processos em espaços e tempos específicos. Neste estudo, procuro orientar essa interpretação para a análise dos promotores imobiliários e a repercussão do seu modo específico de atuação na produção do espaço, além de buscar indicações para uma reinterpretação de estudos sobre o mercado imobiliário em favelas e temas relacionados que leve em conta essa prática. Chamo de promotores imobiliários no caso das favelas os agentes que produzem habitações orientadas para o mercado e de modo sistemático, ou seja, aplicando na produção os recursos de uma produção anterior |