Contornando o proibidão: quando não dizer é dizer

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Valença, Marcio Guimarães Ramos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/11143
Resumo: Neste trabalho, sob a luz da Análise de discurso francesa, investigaremos as letras do grupo Gaiola das Popozudas cantadas pela Mc Valesca Popozuda. As letras escolhidas para nossas análises apresentam duas versões: uma proibida e outra legitimada juridicamente. Num primeiro momento, surgem nos bailes funks as versões proibidas. Nessas letras, há o comparecimento dos palavrões e, também a exaltação do erotismo. Após terem alcançado sucesso nos bailes, que, em geral, ocorrem dentro de favelas, é feita uma versão com base nessa letra proibidas, ocorrendo, assim, nessa nova formulação, a substituição dos palavrões e trechos obscenos. Desse modo, surge, a versão para ser veiculada pela grande mídia, isto é, a letra comercial legitimada juridicamente. Iremos promover uma reflexão sobre a relação existente entre essas duas versões. Uma das nossas questões é: em que medida dizer algo por meio da substituição, no caso, através de uma versão legitimada, não é uma forma possível de significar, dentro dessa interdição, aquilo que não pode ser dito, ou seja, os sentidos censurados na versão proibida? Outro objetivo desta pesquisa é refletir sobre a posição feminina nesta cultura funk, e pensar isso nos direciona para a noção de formação discursiva, proposta por Pêcheux (2009), correspondendo a um determinado domínio do saber, constituído de enunciados discursivos, que mostram de algum modo que a ideologia regula “o que pode e deve ser dito”. Será que a existência de uma M.C. como Valesca Popozuda que assume, por meio da música que canta, a representação de uma puta, uma cachorra ou piranha, está de algum modo inserida em uma formação discursiva machista? Em que medida incorporar esse machismo não é uma forma de subvertê-lo, pois podemos pensar: sou dona do próprio corpo e, também, livre para exercer minha sexualidade. Assume-se o discurso machista para rompê-lo? Em síntese, temos como foco de nosso trabalho as letras do funk proibidão e a versão produzida pela mídia legitimada. Os objetivos são: a) analisar as formas de substituição nas letras sugeridas; b) investigar a posição feminina nas letras do proibidão; c) observar até que ponto essa posição sujeito inscreve-se em uma formação discursiva machista