Na encruzilhada das redes sociais: o quilombismo como estratégia de uma parlamentar negra e favelada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Machado, Paula Máiran de Brito
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/37106
Resumo: Esta dissertação toma por tema o quilombismo (Nascimento, 2019) como estratégia nos processos midiáticos de uma parlamentar brasileira feminista negra (González, 2020) e socialista (Davis, 2016). O objetivo é, a partir de uma abordagem decolonial (Castro-Lara, 2016; Curiel, 2015), identificar possibilidades e limites dessa experiência de modo a contribuir nas reflexões sobre o fenômeno da comunicação política nas redes sociais como ferramenta de resistência e enfrentamento às opressões em interseccionalidade (Crenshaw, 2017; Collins, 2022) de raça, gênero, classe e território, entre outros marcadores de subalternização numa sociedade controlada pelo cisheteropatriarcado (Vérgès, 2020) colonial branco. A pesquisa teve como base os processos midiáticos (Félix, Mendes, 2018) da deputada estadual Renata Souza, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) do Rio de Janeiro, cria da Maré, jornalista, comunicadora popular, doutora em Comunicação e Cultura, ex-chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco, vítima de um feminicídio político (Souza, 2020) em 14 de março de 2018. O recorte temporal foi a campanha eleitoral para a reeleição de Renata Souza em 2022, entendida como período de suspensão do cotidiano (Heller, 2008), com ênfase na última semana antes do pleito e com especial atenção sobre os sujeitos aquilombados nas redes sociais, as suas identidades, estratégias e ações. Formada, em maioria, por uma juventude (Dayrell, 2007) de perfil semelhante ao da parlamentar, de mulheres ou jovens de identidade (Hall, 2019) negra e de periferia, com militância comunitária, a equipe de redes teve que driblar obstáculos representados, sobretudo, pelo racismo algoritmo (Silva, 2022) verificado nos aparatos midiático-políticos de propriedade de homens brancos situados entre os 1% mais ricos do mundo. Apesar das adversidades, os dados mostraram crescimento significativo, orgânico, no número de seguidores e no engajamento (Bastos, 2020) no perfil da parlamentar nas redes, e Renata foi reeleita como a mulher mais votada da história da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), com 174.132 votos, o triplo em relação aos votos da primeira eleição. A pesquisa procurou aprofundar um olhar reflexivo sobre conceitos africanos identificados como fundantes das estratégias e táticas avaliadas como mais relevantes para o desempenho de Renata nas redes e nas urnas, como griô/griotte, sankofa (Nascimento, 2019) e ubuntu (Sodré, 2021). Na condição híbrida de assessora de imprensa da candidata e de pesquisadora, adotei a escrevivência de Evaristo como metodologia, o que envolveu facilidades, pela proximidade na convivência, mas também alguma tensão nas relações. Houve ainda a aplicação de um formulário de perguntas e a realização de conversas. Além disso, a pesquisa contou com uma revisão bibliográfica cujos achados envolveram um diálogo com o próprio Exu sobre essa unidade geracional (Mannheim, 1952) e o seu quilombismo (Nascimento, 2019) nas redes, visto então como um movimento não só circular (Santos, 2023), como espiralar (Martins, 2021), em amefricanidade (Gonzalez, 2020) afrodiaspórica do orixá da comunicação, feito um rede-moinho na encruzilhada (Biteti, 2021; Weiss, Bueno, 2014; Martins, 2021) da mídia política. Em jogo, a abrir os caminhos do feminismo negro para muito além dos destinos eleitorais, no rumo da conquista de mudanças concretas na vida das pessoas e da derrota das estruturas dominantes (Collins, 2022) do sistema de opressões cruzadas e sobrepostas que sustenta o cisheteropatriarcado e por ele é sustentado.