Quem vai cuidar de mim? economia do cuidado e a percepção do cuidador informal sobre o papel do estado na responsabilização dos idosos na pandemia da COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Palmeira, Jéssica Rodrigues dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/35327
Resumo: O conceito de Economia do Cuidado está ligado aos cuidados sociais, percebidos como atividades de baixo prestígio no ambiente laboral, sendo tipicamente não regulamentadas no mercado, escassos ou sem nenhum pagamento que, na maioria dos casos, é prestado por pessoas do gênero feminino. No Brasil, o grupo que mais necessita de um cuidador é o de idosos e a responsabilidade do cuidado dessas pessoas é absorvido quase que inteiramente pela família, seja pela falta de recursos financeiros ou pela ausência de uma rede de apoio e cuidado fornecido pelo Estado, evidenciando a falta governamental no provimento do cuidado. Assim, o objetivo do presente trabalho foi o de examinar, sob a visão dos cuidadores informais, de que forma o Poder Público Municipal pode possibilitar o cuidado dos idosos dependentes, no contexto das cidades de Niterói e do Rio de Janeiro, localizadas no Estado do Rio de Janeiro. Através de pesquisa documental realizada nas principais legislações e normas e de entrevistas semi-estruturadas com 11 cuidadores, foi identificado o que os cuidadores informais esperam do governo e o que eles acreditam que poderia melhorar sua vida de cuidado, como a visita de um cuidador semanal, disponibilização de locais para cuidar do idosos dependentes e disponibilização de mais recursos. Nas principais dificuldades e desafios apontados pelos participantes destacam-se a teimosia do idoso, falta de lucidez, cansaço, valores altos dos serviços de cuidado, questões emocionais e dificuldade de manter a vida pessoal. Ademais, observou-se que a pandemia da Covid-19 agravou mais a situação das famílias, seja pelo impacto financeiro, emocional ou pela rotina de cuidados. A pesquisa também destacou que os projetos encontrados nas duas cidades dão ênfase ao idoso independente, que possui autonomia para participar das atividades propostas. Além disso, as famílias possuem baixo nível de informação sobre as políticas públicas, benefícios e direitos oferecidos em sua cidade. Na seara financeira, foi demonstrado que as famílias não têm condições de pagar pelo serviço de cuidado profissional, nesse sentido, a crise do cuidado ocasiona um duplo impacto na renda familiar, já que além da família ter a renda afetada pelos gastos gerados para suprir as necessidades com o idoso, ela ainda perde uma parcela de seus ganhos, em razão da saída do cuidador do mercado de trabalho. Foi demonstrado que grau de parentesco tem influência direta na escolha do cuidador e que a sociedade entende essa tarefa como uma obrigação pautada pelo dever moral de retribuir os cuidados recebidos ao longo da vida, pelo compromisso familiar e conjugal, e como sinal de gratidão e amor pelos seus entes queridos. Além disso, foram identificadas as soluções que, na visão cuidadores, poderiam melhorar a carga de trabalho e viabilizar o cuidado: I) a visita de um cuidador semanal; II) disponibilização de locais para cuidar do idosos dependente; III) disponibilização de mais recursos; IV) remuneração de um familiar para que realize o cuidado do idoso; V) melhora na burocracia para acesso aos serviços oferecidos; VI) diminuição da tributação na renda e em bens e serviços destinados aos idosos; e VII) desconto nas compras para os idosos. Nesse contexto, é mandatório a inauguração de políticas públicas que se aproximem de modelos mais participativos de familismo, opcional, explícito ou apoiado