Resumo: |
Considerando a necessidade de aperfeiçoamento dos métodos de diagnóstico da cisticercose bovina, objetivou-se verificar a ocorrência do Cysticercus bovis nos diversos locais anatômicos examinados pelo Serviço de Inspeção Federal, a saber: cabeça, coração, esôfago, diafragma, língua, fígado e carcaça, caracterizando as lesões do ponto de vista anatomopatológico, além de identificar o metacestóide pela técnica da PCR usando a fervura no protocolo de extração de DNA. De 22043 animais abatidos, 713 (3,23%) estavam infectados. O coração foi o sítio anatômico mais afetado, com 1,90% (420/22043), seguido da cabeça, 1,11% (245/22043), do esôfago, 0,08% (18/22043), da carcaça, 0,07% (15/22043), do diafragma, 0,03% (7/22043), do fígado, 0,02% (5/22043) e da língua, 0,01% (3/22043). A quantidade de cistos mortos, 58,35% (416/713), foi maior que a de vivos, 41,65% (297/713). Foram analisadas 253 amostras de lesões nodulares firmes, brancacentas, com material amarelado, por vezes com aspecto calcário, no interior, as quais foram reportadas como cistos mortos. O exame microscópico revelou granulomas comumente representados por centro necrótico e/ou mineralizado, envolto por histiócitos dispostos em paliçada, células gigantes multinucleadas, infiltrado misto, predominantemente de mononucleares, e fibrose. Por vezes, a periferia das lesões tinha características de tecido de granulação e mineralização em forma de lâminas lineares. Os restos parasitários foram identificados como um material hialino acelular, contendo elementos ovais e circulares, basofílicos, acidófilos e incolores, denominados corpúsculos calcários. Em algumas lesões foram observados raros corpúsculos, soltos em meio à reação inflamatória. Nódulos fibrosos, ricos em infiltrado linfóide ou crônico ativos, foram frequentemente visualizados. Foi comprovado que a extração de DNA de cisticercos vivos, por fervura, é um método exeqüível, com bons resultados, uma vez que dos 20 cistos analisados pela técnica da PCR, oriundos de localizações variadas, 13 (65%) foram identificados como C. bovis, confirmando o diagnóstico ambulatorial. Em virtude da positividade observada para C. bovis nos exames histopatológico e da PCR, particularmente em fígado e esôfago, sugere-se que seja reformulado o artigo 176 do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, incluindo estes locais na rotina de inspeção nos matadouros. |
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