Doenças fúngicas em bovinos e asininos.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: MAIA, Lisanka Ângelo.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Saúde e Tecnologia Rural - CSTR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E SAÚDE ANIMAL
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/25490
Resumo: Descrevem-se nessa tese três artigos científicos relacionados a doenças fúngicas em bovinos e pitiose em bovinos e asinino no Nordeste Brasileiro. No primeiro capítulo descrevem-se as doenças fúngicas diagnosticadas em bovinos no sertão da Paraíba, Nordeste do Brasil, enfatizando os principais aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos. Para isso, foi realizado um estudo retrospectivo das necropsias de bovinos realizadas no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2015, selecionando os casos suspeitos ou confirmados de doenças fúngicas. Desses protocolos foram colhidas informações de raça, sexo, idade, tempo de evolução da doença, sinais clínicos, localizações das lesões e alterações macroscópicas e microscópicas. O diagnóstico foi estabelecido com base nas características morfotintoriais do agente utilizando-se as colorações de hematoxilina e eosina (HE), impregnação pela metenamina nitrato de prata de Grocott (GMS), ácido periódico de Schiff e Azul Alciano, além da realização de imuno-histoquímica (IHQ) para confirmação do agente em alguns casos. De 817 necropsias de bovinos, em 11 foram diagnosticados doenças fúngicas, representando 1,34% das doenças que acometem bovinos. As infecções fúngicas diagnosticadas em ordem de frequência foram zigomicoses (6 casos), aspergilose (3 casos), candidíase (1 caso) e criptococose (1 caso). Dos seis casos de infecções por zigomicetos, cinco foram classificados como Mucorales e um Entomophothorales. Dos cinco casos de Mucorales, dois apresentaram lesões em vários órgãos, incluindo nos pré-estômagos, abomaso, rins, coração, além do diafragma e do encéfalo. Um caso as lesões estavam restritas ao rúmen, retículo e abomaso e nos outros dois, havia lesões no encéfalo e na pele. No bovino 3, observou-se imunomarcação positiva para Rhizopus arrhizus e no bovino 6 para Conidiobolus lamprageus. Dos três casos de aspergiloses, um afetava o trato respiratório superior, outro abomaso e um o encéfalo, respectivamente. Em dois casos, a infecção fúngica ocorreu secundariamente a doenças virais primárias como febre catarral maligna e diarreia viral bovina. Um caso de infecção por Candida albicans foi diagnosticado em um bezerro de 20 dias de idade, afetando os pré-estômagos, com quadro de imunossupressão provavelmente por utilização de antibioticoterapia e corticoides. Também foi diagnosticado um caso de Cryptococcus neoformans var. grubii. em um bovino com lesões restritas ao encéfalo. No segundo capítulo descrevem-se os aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos de três casos de pitiose cutânea em bovinos diagnosticados no semiárido dos estados da Paraíba e Ceará e no litoral de Sergipe, Nordeste do Brasil. Os dados epidemiológicos e clínicos foram obtidos durante visitas as fazendas com casos suspeitos da doença. Foi realizada biópsia das lesões de cada animal. A doença ocorreu em bovinos adultos e jovens que tinham contato com água acumulada em açudes ou canais de irrigação. Clinicamente foram observadas lesões principalmente na pele dos membros torácicos e/ou pélvicos, caracterizadas por áreas ulceradas planas e irregulares ou nódulos de tamanhos variados, alguns com tratos fistulados, que ao corte se aprofundavam no tecido subcutâneo. Em um caso havia envolvimento de linfonodos superficiais. Histologicamente verificou-se inflamação piogranulomatosa associada a hifas não coradas pela HE, que foram impregnadas pela GMS. O diagnóstico de Pythium insidiosum foi confirmado pela IHQ. No terceiro capítulo descrevem-se os aspectos epidemiológicos, clínico-patológicos, imuno-histoquímico e molecular de um caso de pitiose cutânea em asinino no Brasil. Tratava-se de um asinino, fêmea, adulto, sem raça definida, prenhe que apresentava lesões cutâneas nodulares, multifocais e disseminadas, com 30 dias de evolução. Esse animal era criado em uma área de pasto nativo (caatinga), mas pastejava em área de vegetação verde abundante ao redor de um açude. Macroscopicamente observou-se que os nódulos variavam de 1-11 cm de diâmetro, alguns com superfície ulcerada irregular drenando secreção sanguinolenta e outros recobertos por pele, ambos distribuídos principalmente na pele dos membros, região ventral do peito e glândula mamária. Na superfície de corte, havia discretos nódulos amarelados, multifocais a coalescentes e ocasionalmente pequenas cavitações com kunkers discretos. Microscopicamente havia dermatite e foliculite nodular piogranulomatosa e ulcerativa associada a miríades de imagens negativas de hifas, impregnadas em preto pelo GMS. Através da imuno-histoquímica obtevese forte imunomarcação das hifas em marrom e do material em parafina foi extraído o DNA de Pythium insidiosum. Após a confirmação do diagnóstico, foi realizada excisão apenas das lesões cutâneas grandes, tratadas como feridas de segunda intenção, que estavam completamente cicatrizadas no trigésimo dia pós-operatório. As lesões cutâneas pequenas regrediram espontaneamente em aproximadamente 60 dias. As infecções fúngicas ocorrem esporadicamente em bovinos com apresentações clínicas e patológicas variadas, e sua ocorrência pode ser influenciada por doenças primárias virais, metabólicas e/ou iatrogênicas. A pitiose cutânea ocorre em bovinos e asinino na região Nordeste, podendo ocorrer cura espontânea dos casos e deve ser incluída no diagnóstico diferencial das dermatopatias nessas espécies.