Duas traduções de Waiting for Godot para o Brasil: o jogo do absurdo de Beckett do inglês para o português.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: LUCENA, Joselito Porto de.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/7815
Resumo: Em um jogo que envolve questões estilísticas e culturais, o tradutor literário, cuja estratégia é marcada por condições sócio históricas particulares, depara-se com embates na hora de traduzir elementos da atmosfera do texto fonte, principalmente se eles não existirem na mesma configuração da distinta cultura do texto alvo. A presente pesquisa consiste na análise das duas traduções para o português da obra Waiting for Godot (1952), do escritor e dramaturgo irlandês Samuel Becket (1906 – 1989). O objetivo é comparar as escolhas tradutórias para Estratégias do Teatro de Beckett e os demais elementos culturais presentes na peça, pontos identificados como problemáticos para o processo de tradução/transporte do texto. Tratando-se de uma obra ‘com mais de um original’, já que foi autotraduzida por Samuel Beckett, configurou-se como nosso objetivo, também, investigar as implicações da disponibilidade dos originais em francês e inglês para o trabalho dos tradutores. A obra em francês, adotada por nós como um texto de apoio, possibilitou-nos consultas que esclarecem quando cada tradutor optou por seguir um e não o outro original. Para que pudéssemos categorizar as diferentes deformações encontradas na comparação das traduções, optamos por utilizar a analítica de Berman (2000). Sua classificação das deformações que atuam no texto traduzido, juntamente às noções trazidas por teóricos como Campos (2010), Even-Zohar (1990), Faleiros (2012), Jakobson (1959) e Lambert (1990), possibilitaram investigar as implicações da tradução criativa de um texto literário, apontando reflexos estilísticos e culturais desse processo. Complementando o aporte teórico e embasando as discussões quanto ao viés literário e cultural do corpus, Camus (1991), Esslin (1961), Laraia (1986), Sartre (2007) e Teles (1983) fazem a ponte com os elementos históricos, culturais, filosóficos e literários da peça. A análise da tradução das Estratégias do Teatro de Beckett nos revela que deformações, observadas na recriação criativa dos tradutores, interferiram na manutenção das estratégias trazidas pelo autor, em alguns momentos, chegando, inclusive, a cancelá-las. Foi o caso das estratégias de repetição e contradição entre fala e ação, que foram, em determinada situação, apagadas pela tradução de Flávio Rangel. Descobrimos, ainda, que estratégias, como o catecismo de Beckett, muito mais explorado no original em inglês, não foram incorporadas às traduções. Já as escolhas tradutórias para elementos culturais, observadas na segunda categoria de análise, mostraram que é comum que o tradutor Flávio Rangel opte por soluções que adaptem seu texto ao formato de script, pensado por ele para o teatro, como também são comuns os momentos em que Fábio de Souza Andrade, regido por questões editoriais, não dispõe de uma liberdade para decidir qual original (de uma peça que existe em duas identidades) seguir. O resultado é uma hierarquização entre os originais, de forma que o texto em francês, que precede cronologicamente o original em língua inglesa, é o que perpetua-se em língua portuguesa.