Jardins flutuantes: uma ecotecnologia no tratamento de esgotos domésticos no Semiárido Brasileiro.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: ROCHA, Elis Gean.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Tecnologia e Recursos Naturais - CTRN
PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/29992
Resumo: Grandes volumes de esgotos não tratados são despejados diariamente em corpos hídricos, principalmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento com infraestruturas sanitárias limitadas ou insuficientes na prestação de serviços de saneamento básico. No Brasil, é comum o uso de lagoas de estabilização no tratamento de esgotos, no entanto, apesar de eficientes na redução da matéria orgânica e de patógenos do efluente, estes sistemas não apresentam o mesmo resultado para poluentes como fósforo e nitrogênio, causadores da eutrofização. Diante da necessidade de preservação das águas naturais e redução do impacto ambiental, tem-se buscado estratégias para otimização desse tratamento nas últimas décadas. Nesse sentido, soluções baseadas na natureza, como o sistema de jardins flutuantes, têm surgido como alternativa para o tratamento de efluentes ou aprimoramento do tratamento realizado por lagoas, não havendo necessidade de ampliação da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) configurando-se como um tratamento eficiente, de baixo custo, fácil adaptação e função ornamental. Dessa forma, buscando ampliar os estudos em escala de campo, este trabalho tem por objetivo construir, instalar e avaliar um sistema de jardins flutuantes (SJF) na lagoa anaeróbia da ETE do Glória, localizada no município de Campina Grande – Paraíba (Brasil). Cada um dos jardins foi construído com estrutura de Poliestireno expandido – EPS, substratos orgânicos (fibra de coco e bagaço de cana-de-açúcar) e inorgânicos (brita e EPS triturado) e diferentes espécies de plantas (Cyperus papyrus, Tradescantia zebrina, Callisia fragrans, Canna x generalis e Xanthosoma sagittifolium), totalizando uma área de cobertura superficial de 4,0% da lagoa. Os parâmetros de qualidade de água monitorados foram temperatura, pH, turbidez, condutividade elétrica, sólidos dissolvidos totais, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio, fósforo total, ortofosfato solúvel, nitrogênio total Kjeldahl, nitrogênio amoniacal e clorofila a. O estudo foi dividido em duas fases: a primeira com distribuição em 6 fileiras de 7 jardins cada e monitoramento de maio/2019 a março/2020 em 8 pontos de coleta; e a segunda com distribuição em forma de barreira única e monitoramento de fevereiro a agosto/2021 em 4 pontos de coleta. A estrutura em EPS mostrou boa estabilidade, flutuabilidade e resistência em todo o experimento. Os substratos orgânicos, bagaço de cana-de-açúcar e fibra de coco, desempenharam bem a função de sustentação inicial das plantas, porém podem ter acrescentado matéria orgânica ao efluente. Entre as espécies de plantas testadas nos jardins, C. papyrus foi tolerante ao efluente, Canna x generalis e T. zebrina foram parcialmente tolerantes, X. sagittifolium e C. fragrans mostraram-se sensíveis. Outras espécies de plantas espontâneas também foram identificadas no SJF. Na primeira fase, a redução de turbidez, condutividade elétrica, DBO5, fósforo total e ortofosfato solúvel foi maior antes da instalação dos jardins em fileiras. Entretanto estes resultados mostraram-se promissores na segunda fase, com redução de matéria orgânica e fósforo total, mas aumento importante no afluente de DBO5 e DQO na configuração dos jardins em barreira única. Nesta fase foi registrado o aumento da clorofila a na massa d’água, contribuindo assim para a oxigenação natural e melhor qualidade do efluente sem aumento nos custos de manutenção. No geral, a utilização de jardins flutuantes mostrou eficácia na otimização do ecotratamento realizado por lagoas de estabilização, com potencial para redução de matéria orgânica e nutrientes através da fitorremediação. O SJF mostrou potencialidades e qualidades sanitária e ambiental que devem ser estudadas em trabalhos futuros.