Experências, memórias e performances: a construção cotidiana do "ser feirante" na feira de Campina Grande-PB.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: SILVA, Susana Rolim Soares.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/30753
Resumo: Esta tese é o resultado de quatro anos de estudos e de pesquisa junto aos vendedores da maior feira livre do município de Campina Grande-PB, a Feira Central, também conhecida como “feira grande”, em virtude de sua grande extensão territorial e de sua relevância comercial, histórica, cultural e demográfica. O principal objetivo dessa pesquisa de cunho etnográfico é analisar como é ser feirante. Para isso, foram desenvolvidas observações e análises das dimensões que são cotidianamente acionadas por aqueles vendedores de rua, a saber: a dimensão do trabalho, das sociabilidades, das coisas, das memórias e da performance. Essa última categoria foi utilizada tanto como inspiração e fundamentação teórica, norteada por autores como Richard Schechner (2006, 2012, 2013) e Richard Bauman (2008), quanto como instrumento metodológico, que aliado às observações do cotidiano, à realização de entrevistas semi estruturadas com 21 feirantes e às muitas conversas formais e informais com outros vendedores, fregueses e funcionários da prefeitura do município, ajudaram a perceber como os comerciantes da feira estão cotidianamente experienciando e, ao mesmo tempo, encenando como é ser feirante. A perspectiva teatral, diversas vezes utilizada nesse trabalho e inspirada em autores como Erving Goffman (1985), ajudou a perceber e a conceber a Feira Central como um grande cenário público ao ar livre. Cenário esse que é criado, organizado e montado dia após dia por meio do trabalho e das coisas que são cuidadosamente comercializadas, cuidadas, organizadas e expostas pelas mãos dos feirantes, enquanto artistas que demonstram ser. Nesse cenário multifacetado, os saberes e as performances se realizam, ao mesmo tempo em que as memórias emergem e ganham forma, horas impregnadas nas coisas, horas refletidas no próprio corpo do feirante. Nesse sentido, é possível inferir que ser feirante é algo que está diretamente relacionado às práticas ou às performances cotidianas. Algo que se aprende sendo e se ensina demonstrando, fazendo, organizando, decorando, empilhando, vivendo, sentindo no próprio corpo, seja o cansaço ou a emoção de se perceber e de se assumir como um deles em uma das maiores feiras da região Nordeste do Brasil. Cenário esse que acolhe e, ao mesmo tempo, interfere de maneira significativa no processo de formação e identificação dos feirantes, os quais atuam como protagonistas tanto daquele espaço mercantil quanto desta tese.