A constituição histórica da escrita no discurso de manuais didáticos de língua portuguesa do século XX.
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Campina Grande
Brasil Centro de Humanidades - CH PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO UFCG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/7802 |
Resumo: | Nessa pesquisa investigamos a constituição histórica da escrita a partir das representações que dela se fizeram ao longo do século XX em manuais didáticos. Direcionamos nosso olhar para o papel do manual didático enquanto objeto simbólico e veículo na construção do conhecimento através de um discurso pedagógico que funciona como espaço de observação da história. Analisamos o discurso de três conjuntos de manuais de escrita, produzidos em diferentes conjunturas sócio históricas do século XX (décadas de 1920, 1930 e 1960), a fim de compreender os efeitos e os movimentos de sentido produzidos sobre quem ensina, quem aprende a escrita e sobre qual o modelo adequado de ensino. Tomamos como quadro teórico geral de referência os estudos da Análise de Discurso de linha francesa, orientados por Pêcheux (1969[1990]); 2010; 2014) Orlandi (1996; 2002; 2005; 2012; 2014). Recorremos também aos estudos sobre o livro didático a partir (Bittencourt, 2008; Choppin, 2004; Batista, 1999; Richaudeau, 1979 e Souza, 1999) e sobre a história da legislação educacional, na área de língua portuguesa no Brasil (Razzini, 2000), além dos estudos sobre a constituição do discurso pedagógico (Giacomelli, 2007; Castro,1995). O corpus da pesquisa foi constituído por obras didáticas representativas de três momentos históricos: Manual de Estilo, de José Oiticica (1925 [1940]), e Arte da Composição e do Estylo, de Pe. Antônio da Cruz (1930), da década de 1920; Aprende tu mesmo a redigir, de Estevão Cruz (1937), e Prática de Redação, de Raul Gómez (1939), da década de 1930; e Manual de Expressão Oral e Escrita, de Joaquim Mattoso Câmara Júnior (1961[1977]), e Comunicação em Prosa Moderna, de Othon Moacir Garcia (1969), da década de 1960. Esse corpus, de natureza documental, foi analisado a partir de uma abordagem interpretativa discursiva, mediante seleção de recortes discursivos de acordo com os objetivos da pesquisa. A análise nos permitiu perceber que os livros do primeiro período (década de 1920) apontam para uma representação da escrita ancorada na filiação retórico-poética. Os do segundo período (década de 1930) apontam para uma representação que oscila entre uma escrita ancorada na retórica, e outra ancorada em uma perspectiva empirista do conhecimento baseada no método intuitivo. Os do terceiro período (década de 1960), apresentam uma escrita também inserida no universo retórico, mas que buscam um equilíbrio com uma noção de escrita mais racional (pragmática e técnica), relacionada a uma comunicação eficaz e como um meio de expressão de ideias. De forma geral, as representações da escrita no discurso dos manuais analisados evidenciam o vínculo do ensino de língua portuguesa à filiação retórica ainda no século XX, mesmo com deslocamentos provenientes dos gestos de cada autor. |