“O que se diz do Ceará”: o abolicionismo cearense no teatro do jornalismo brasileiro (1880-1888)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Mesquita, Francisco Paulo de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/61760
Resumo: Esta pesquisa analisa como o debate em torno da repercussão da campanha abolicionista cearense na imprensa nacional entre 1880 e 1888, permitiu a afirmação da representação da província do Ceará, como protagonista do movimento social abolicionista brasileiro. O marco inicial do recorte temporal faz referência à fundação da Sociedade Cearense Libertadora. Essa associação capitaneou a propaganda abolicionista cearense e divulgou as suas ações na opinião pública brasileira por meio do jornal Libertador. Enquanto a baliza temporal final corresponde ao término da campanha abolicionista no Brasil. A partir da metodologia da análise dialógica do discurso e dos pressupostos da história sociocultural da comunicação impressa, foram examinados um conjunto de periódicos brasileiros e diversas documentações de época, que mostraram como foi constituída uma rede interprovincial de associativismo abolicionista na imprensa, envolvendo os agentes abolicionistas do jornal Libertador e de vários outros periódicos do Brasil, em especial dos jornais Gazeta de Notícias e a Gazeta da Tarde do Rio de Janeiro, que favoreceu a discussão do abolicionismo cearense na opinião pública nacional e contribuiu com a projeção da província do Ceará como a vanguarda do abolicionismo brasileiro antes da libertação dos seus escravos no dia 25 de março de 1884. Após a repercussão gerada pela libertação total dos escravos do Ceará e da simultânea ascensão do senador Manoel de Souza Dantas à presidência do Conselho de Ministros do Império, a disputa entre abolicionistas e antiabolicionistas na imprensa brasileira foi acirrada e o exemplo abolicionista do Ceará foi apropriado como mote para a discussão do problema do elemento servil nacional. Essa dinâmica permitiu que entre o período de discussão e vigência da Lei dos Sexagenários (1885) e de promulgação da Lei Áurea (1888), periódicos abolicionistas e antiabolicionistas elaborassem várias interpretações sociais em torno da repercussão da abolição no Ceará, difundindo um conjunto de representações sobre o exemplo abolicionista dessa província, cujo conteúdo também se relacionava com os projetos de poder dos agentes envolvidos nessa trama histórica.