Negras presenças: feminilizações e enegrecimentos de autorias no campo literário brasileiro contemporâneo

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Nascimento, Bruno Duarte
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Autoria; Campo literário; Raça
• Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/56642

A discussão central deste trabalho é a inserção de mulheres negras nos campos de produção da cultura da sociedade brasileira contemporânea, mais precisamente, no campo de produção de literaturas. Assumo o pressuposto de que não existem propriedades intrínsecas às obras literárias, tampouco aos autores e às autoras que as produzem. Analiso feminilizações e enegrecimentos em um campo literário embranquecido e masculinizado por meio da produção de autorias de mulheres negras escritoras. Para tanto, trabalho com as trajetórias sociais e literárias de Conceição Evaristo, Esmeralda Ribeiro e Miriam Alves. Mapeio e reconstruo um espaço de produção de literaturas de mulheres negras a partir da coleta, sistematização e análise de informações de três bases de dados sobre mulheres negras escritoras, a saber: Catálogo Intelectuais Negras Visíveis, Escritoras Negras da Bahia e Portal Literafro. Descrevo algumas de suas propriedades gerais e trago elementos para uma discussão das condições históricas de sua emergência no campo de produção de literaturas da sociedade brasileira contemporânea. Reconstituo as trajetórias de Alves, Evaristo e Ribeiro antecedentes ao espaço e as neste com base em uma coleta e análise de dados biobibliográficos. O material coligido permite-me perscrutar as condições sociais de formação e materialização de vocações literárias em carreiras profissionais e a produção de autorias. As trajetórias entrelaçam-se em certa medida ao espaço e vice-versa, determinando-se reciprocamente. Constato que Alves, Evaristo e Ribeiro feminilizam e enegrecem autorias no campo literário brasileiro contemporâneo com base nas categorias negro e afro-brasileiro, formalizando-as literariamente. Elas qualificam-se para o trabalho com a linguagem e profissionalizam-se escritoras tendo ao redor círculos letrados enegrecidos, como o Quilombhoje Literatura.