Honoré de Balzac: narrativas complexas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Damasceno, André Barbosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/60513
Resumo: A presente pesquisa tem o objetivo de desenvolver e de aprofundar um estudo comparatista literário em algumas narrativas de Honoré de Balzac (1799-1850) a partir de uma análise delimitada pelo romance A Pele de Onagro (1831). O estudo pretende mostrar que a complexidade das narrativas balzaquianas se deve, principalmente, à construção das suas personagens. São elas que tornam viva a cidade, a história, a economia, a sociedade, os usos e os costumes, que despontam nos enredos engenhosos da criatividade balzaquiana. Fundamentados metodologicamente no estudo e no conceito de Pensamento Complexo, do sociólogo e filósofo Edgar Morin (1921 -), defenderemos a hipótese de que essa complexidade ocorre, sobretudo, no ato criativo da concepção das personagens. Isso porque, mesmo as personagens sendo criações da memória do autor, elas representam e refletem o indivíduo na realidade. Essa complexidade do cotidiano, representada nos romances em destaque, será analisada pela nossa observação e compreensão de que os Pilares/Saberes constitutivos do método de Morin, do ponto de vista da nossa argumentação, podem aprofundar-se com a escrita de Balzac. Compreendemos que os quadros sociais balzaquianos retratados no contexto paratópico do autor convergem para uma mudança de posição entre o sujeito e o objeto, que, segundo Edgar Morin (2011), mostrava a complexidade na Literatura e que se antecipava à Ciência, de modo específico, nos romances do século XIX. Assim, desenvolveremos uma confrontação argumentativa entre narrativas complexas e pensamento complexo, traçando um paralelo da proposta de Edgar Morin relacionada à apresentação do seu método e ao processo de evolução das conquistas científicas, com as questões explícitas, segundo a nossa hipótese, de complexidade em Balzac tanto na construção das narrativas quanto no proceder do escritor. Abordaremos o gênero Romance e a sua evolução, como o principal aspecto para a ascensão da escrita de Balzac e para a prática de um realismo próprio. Nossos fundamentos metodológicos se dividirão entre o estudo de Ian Watt (2010) e Marthe Robert (1972). Mostraremos como Balzac concebe esses indivíduos e suas relações, com o pensamento complexo, tendo por base o capítulo “O Romance”, de Aguiar e Silva (1973), que nos diz que a personagem é, primordialmente, a estrutura da narrativa. Embasaremos a apresentação das personagens, segundo os estudos de Bourneuf e Ouellet (1976), para respondermos: como os leitores examinam a complexidade do cotidiano, das relações humanas e culturais no dia a dia dos indivíduos criados por Balzac? Como surgem em determinados contextos histórico, social, ideológico, filosófico, político e cultural, as personagens balzaquianas nas obras? Como analisar, dos pontos de vista literário e crítico, possíveis relações autobiográficas entre o autor e as personagens de ficção? Basilaremos as nossas reflexões, também, nos estudos de Dominique Maingueneau (2001) e de François Dosse (1993). Consideraremos, ainda, a imagem balzaquiana apresentada por Paulo Rónai (1907-1992), Pierre Barbéris (1926-2014) e Stefan Zweig (1881-1942) e dialogaremos com as reflexões do teólogo Emanuel Swedenborg (1688-1772) devido à sua indiscutível influência em algumas obras balzaquianas.