O psicólogo em gestão de pessoas: explorando a identidade profissional nas organizações privadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Principe, Caroline de Souza Reis lattes
Orientador(a): Peixoto, Adriano de Lemos Alves lattes
Banca de defesa: Peixoto, Adriano de Lemos Alves lattes, Bastos, Antonio Virgilio Bittencourt lattes, Macambira, Magno Oliveira lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI) 
Departamento: Instituto de Psicologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39851
Resumo: A identidade profissional do psicólogo organizacional e do trabalho tem sido uma preocupação de alguns estudiosos. Num contexto de aceleradas mudanças, em que a diluição de fronteiras profissionais é uma das tendências do mundo do trabalho, discute-se a identidade do psicólogo que atua em Gestão de Pessoas. O exercício profissional nesse campo é caracterizado por uma atuação cada vez mais indistinta dos demais profissionais. Diante disso, a presente dissertação teve como objetivo investigar a percepção do psicólogo sobre o senso de pertencimento ao grupo profissional de Psicologia, na atuação em Gestão de Pessoas, a partir da Teoria da Identidade Social (TIS). Essa investigação se estruturou em formato de um conjunto de três estudos. O estudo 01, de caráter qualitativo e exploratório, buscou compreender como o psicólogo percebe seu papel em Gestão de Pessoas e sua característica distintiva na atuação profissional. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com 18 psicólogos, que trabalham em organizações privadas nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, e analisados com o auxílio do software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRaMuTeQ), utilizando a Classificação Hierárquica Descendente (CHD). O corpus textual analisado teve aproveitamento de 847 ST (86,16%) e foi categorizado em quatro classes: desafios da atuação do psicólogo (286 ST, 33,77%); diferencial do psicólogo (263 ST, 31,05%); carreira e perspectivas profissionais (127 ST, 14,99%); e recrutamento e seleção (171 ST, 20,19%). Cada classe refletiu as percepções dos profissionais sobre questões como formação acadêmica, competências distintivas, perspectivas futuras e atividades realizadas em gestão de pessoas. O estudo 02, quantitativo e transversal, teve como objetivo adaptar e examinar a estrutura da Escala de Identidade Profissional do Psicólogo (EIPP), distinguindo empiricamente os componentes cognitivo, afetivo e avaliativo do construto. A amostra foi composta por 160 psicólogos que atuam em Gestão de Pessoas em organizações privadas. Os dados foram coletados por meio de uma plataforma online e analisados com o auxílio do software JASP. A análise fatorial exploratória confirmou a estrutura tridimensional, que demonstrou adequada consistência interna. A estrutura final da escala foi composta por doze itens distribuídos nas dimensões afetiva (α=0,88; ω=0,89; CC=0,89), cognitiva (α=0,81; ω=0,82; CC=0,85) e avaliativa (α=0,76; ω=0,76; CC=0,72), explicando 66,10% da variância do fenômeno. A análise fatorial semi-confirmatória verificou a adequação do modelo por meio dos índices de ajuste (SMRM = 0,025; TLI = 0,927; CFI = 0,964). A EIPP demonstrou propriedades psicométricas apropriadas, emergindo como uma medida válida e confiável para avaliar a identidade profissional dos psicólogos em gestão de pessoas. O estudo 03, também quantitativo e transversal, buscou identificar as relações entre identidade profissional e intenção de permanência no campo de Gestão de Pessoas e avaliar se o tempo de atuação profissional possui efeito moderador na relação entre as variáveis. Um questionário foi aplicado em 160 psicólogos que trabalham em empresas privadas. A análise dos dados revelou que muitos aspectos se mantêm estáveis ao longo do tempo em relação a caracterização dos psicólogos. Os resultados indicam uma identidade profissional sólida (média de 3,76) e uma intenção de permanência (média de 3,5) no campo Gestão de Pessoas, com escores médios superiores ao ponto central da escala. Há uma correlação significativa entre identidade profissional e intenção de permanência (rho = 0,572; p < 0,001), com o fator afetivo emergindo como variável preditiva no modelo de regressão (B = 0,818; p < 0,001). Os fatores cognitivo e avaliativo não mostraram relevância na equação (p > 0,05). Isso ressalta a influência expressiva do componente afetivo na relação entre as variáveis. As variações entre grupos nos escores de identidade profissional e intenção de permanência devem ser interpretadas com cautela. O tempo de atuação não teve efeito moderador no relacionamento entre as variáveis (p > 0,05). A partir dos três estudos, é possível afirmar que as deficiências na formação limitam a atuação do psicólogo organizacional e do trabalho. Nesse sentido, destaca-se a importância da revisão dos currículos das instituições de ensino (IES) para melhor prepará-lo para os desafios em Gestão de Pessoas e garantir sua empregabilidade em um mundo em constante evolução.