A angústia no "transtorno de pânico": uma saída provisória do discurso capitalista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Marques, Marisa Cunha
Orientador(a): Coutinho, Denise Maria Barreto
Banca de defesa: Figueiredo, Ana Cristina Costa, Brandão, Hortênsia Maria Dantas, Silva, João Gabriel Lima da, Pontes, Suely Aires, Coutinho, Denise Maria Barreto
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34294
Resumo: O aumento dos casos diagnosticados como transtorno de pânico tem levado muitas pessoas aos serviços de emergência, sendo considerado uma das maiores causas de afastamento do trabalho atualmente no Brasil. A medicina, após excluir a possibilidade de infarto, costuma prescrever ansiolíticos e/ou antidepressivos, atribuindo sua causa a alterações neuroquímicas. Diferentemente da medicina, a psicanálise toma essa manifestação de angústia como indicação de que há algo a ser escutado. Outra diferença diz respeito ao conceito de cura. Na medicina, o diagnóstico depende da ideia de doença ou, em outros momentos, da evidência de sua existência, constituindo algo que deve ser indexado no momento do diagnóstico e eliminado no processo de cura para o bem-estar do indivíduo, sem relacioná-lo necessariamente à sua história ou inserção na cultura. Para a psicanálise, o mal-estar do sujeito está sempre relacionado à cultura e ao tempo histórico, a cura vem por acréscimo, representada pelo bem-dizer sobre o que lhe causa sofrimento e implica transformação na posição de sujeito frente à sua história. O objetivo desta tese é examinar a presença da angústia no chamado transtorno de pânico. A pergunta que norteia a investigação é: qual seria a relação entre a angústia presente no chamado transtorno de pânico e o discurso capitalista, na contemporaneidade? A hipótese pode ser assim formulada: a manifestação de angústia que se apresenta no chamado transtorno de pânico pode ser considerada um esforço do sujeito em dar um basta, um corte no excesso produzido pelo discurso capitalista. De modo geral, pacientes que chegam à psicanálise diagnosticados com transtorno de pânico se dão conta da presença de algo excessivo em suas vidas e buscam construir limites a esse excesso. Considerando que o discurso capitalista, tal como apresentado por Lacan, convoca o sujeito a um deslizamento metonímico ininterrupto, a manifestação da angústia presente no diagnóstico de transtorno de pânico, mais que uma patologia, como insiste a medicina, pode ser considerado como uma saída provisória do discurso capitalista, uma recusa a ser engolfado pela aceleração contemporânea, na qual o sujeito se vê enredado.