Resposta da calcificação do coral montastraea cavernosa (linnaeus, 1767) à heterotrofia durante evento de branqueamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Santos, Lourianne Mangueira Freitas
Orientador(a): Kikuchi, Ruy Kenji Papa de
Banca de defesa: Kikuchi, Ruy Kenji Papa de, Nery Leão, Zelinda Margarida de Andrade, Costa, Cristiane Francisca
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia, Instituto de Biologia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ecologia e Biomonitoramento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/19562
Resumo: Os corais escleractíneos mantém uma relação de simbiose com as zooxantelas do gênero Symbiodinium. Esta simbiose, além de conferir a cor aos corais, garante elementos essenciais para o crescimento de ambos. A calcificação é um processo de crescimento considerado dependente da fotossíntese e central na fisiologia dos corais. Este processo contribui para a formação de uma estrutura rígida, um dos ecossistemas mais diversos e produtivos, os recifes coralíneos. Eventos de anomalias térmicas da superfície do mar, como também sedimentação, alteração na radiação solar, na salinidade e doenças, são condições que provocam a ruptura da relação simbiótica entre os corais e as zooxantelas. Esta ruptura, leva à perda pelos corais de suas zooxantelas e/ou de seus pigmentos fotossintetizantes, conferindo ao tecido dos corais uma coloração pálida ou transparente, deixando evidente o branco do seu esqueleto. Sob tais condições, ou seja, sem a autotrofia promovida pela fotossíntese, os corais alimentam-se através da via heterotrófica, capturando alimento do meio, sendo assim considerados animais politróficos. Considerando o atual cenário de alterações climáticas em torno do globo, que tem provocado o aumento da frequência de eventos mais severos de branqueamento, o conhecimento do papel desempenhado pela heterotrofia na calcificação dos corais durante os eventos de branqueamento torna-se prioritário. Para compreender tal processo, a espécie Montastraea cavernosa (Scleractinia, Faviidae) foi escolhida como modelo neste trabalho, cujo objetivo foi analisar o efeito da alimentação sobre a taxa de calcificação do coral durante o evento de branqueamento, avaliando se a heterotrofia pode ser um mecanismo alternativo ao crescimento desta espécie de coral. Para responder a esta questão, foi realizado um experimento manipulativo em laboratório, com período de alimentação de oito semanas. Vinte e quatro colônias entre 3-8cm de diâmetro foram coletadas, aclimatadas durante 60 dias, com sua base coberta por massa epóxi, atóxica, para evitar o crescimento de algas. As colônias foram pesadas através da técnica do peso flutuante, separadas por classes de tamanho e através de sorteio, distribuídas em quatro aquários, dois sob condição controle a 26±0.2°C (“tratamento 26°C”), um com alimento e outro sem alimento e dois a 30±0.2°C (“tratamento 30°C”), um com alimento e outro sem alimento). O período dealimentação teve início com o branqueamento das colônias do “tratamento-30°C”. Naúplios de Artemia salina foram disponibilizados duas vezes por semana. A taxa de calcificação foi aferida uma vez por semana, através da técnica do peso flutuante, durante todo o experimento. O resultado deste experimento mostrou que a taxa de calcificação das colônias não diferiu entre as colônias branqueadas e não branqueadas, mas foi diferente entre aquelas que receberam alimento e as que não receberam alimento. Dessa maneira, na presença do alimento, independente da condição de branqueamento, as colônias apresentaram menor taxa de calcificação. No entanto, com relação ao aspecto tecidual, quanto a sua espessura e coloração, não houve diferença entre as colônias saudáveis, mantidas a 26°C, alimentadas e não alimentadas. Contudo, as colônias branqueadas e alimentadas apresentaram tecido mais espesso ou mais volumoso do que as colônias branqueadas e não alimentadas. Este resultado pode ser consequência de uma realocação de energia, no qual os corais potencializam o crescimento tecidual, ao invés do esquelético. Portanto, fica evidente a importância da heterotrofia na fisiologia dos corais branqueados, pois confere a estes, condições de recuperar-se do branqueamento. Dessa maneira, é esperado que as espécies que sejam capazes de articular a aquisição autotrófica e heterotrófica, tenham uma maior chance de se restabelecerem. Na presença do alimento, corais branqueados podem adquirir os nutrientes necessários, e desta forma garantir a manutenção das reservas energéticas (lipídios, carboidratos e proteínas), que contribuirão para a sobrevivência dos corais quando estes estiverem sob condições adversas, como branqueamento.