Estudo epidemiológico sobre a influência da pandemia de COVID-19 na apendicite aguda em hospital público - Salvador, Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Almeida, Renê Mariano de lattes
Orientador(a): Araújo, Roberto Paulo Correia de lattes
Banca de defesa: Araújo, Roberto Paulo Correia de lattes, Reis, Sílvia Regina de Almeida lattes, Cavalcanti, Alessandro Leite lattes, Cunha, André Gusmão lattes, Carvalho, Fernando Luís de Queiroz lattes, Meneses, José Valber Lima
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas (PPGORGSISTEM) 
Departamento: Instituto de Ciências da Saúde - ICS
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38955
Resumo: Introdução – No período da pandemia de COVID-19, pacientes com apendicite aguda (AA) encontraram o sistema de saúde sobrecarregado e, em muitos centros, houve dificuldade de atender pacientes com a virose e com urgências abdominais, com alguma dificuldade de acesso ao leito hospitalar e possíveis reflexos clínicos. Objetivo – Comparar a frequência, a gravidade e os desfechos da apendicite aguda em hospital público de referência para cirurgia abdominal de urgência, na cidade de Salvador, Bahia, no período transpandemia de COVID-19 e no período de pré-pandemia. Metodologia – Inspirada em estudo ecológico, utilizando variáveis biológicas e de perfil do paciente, a investigação retrospectiva compreendeu duas séries, com todos os pacientes submetidos à apendicectomia no Hospital Municipal de Salvador (HMS), entre 1º de março de 2019 e 28 de fevereiro de 2020 (período pré-pandemia) e de 1º de março de 2020 até 28 de feverreiro de 2021 (primeiro ano transpandemia). Foram estudadas variáveis de gravidade (tempo de evolução de sintomas, classificação da AA por gravidade e perfil de risco anestésico), tipos de cirurgia e desfechos (permanência hospitalar, complicações e mortalidade) para análise comparativa. Resultados – Foram estudados, no total, 882 pacientes submetidos a apendicectomias por AA, sendo encontrados 412 na série transpandemia (2020) e 470 apendicectomia no ano anterior (2019). O tempo médio de sintomas de AA até a intervenção cirurgica, durante a pandemia, foi de 4,2 dias (mediana = 3,0 dias), contra 3,5 dias (mediana = 2,0 dias) no período sem a pandemia. As taxas de apendicite aguda perfurada chegaram a 33,4% em 2020 (durante a pandemia), contra 27,3% em 2019. Na transpandemia, foram incluídos 20 (vinte) apendicectomias para apendicite aguda na vigência de sintomas e (ou) sorologia positiva para COVID-19, que resultaram em quatro óbitos e taxa de mortalidade de 20% nessa associação. Na pandemia, a taxa de mortalidade foi cerca de três vezes maior (1,7%), quando comparada à mortalidade dos apendicectomizados durante a pandemia (de 0,6%). O tempo de permanência hospitalar foi, em média, de 4,4 dias na transpandemia, enquanto, na pré-pandemia, foi de 3,4 dias. A apendicectomia laparoscópica era a técnica mais usada na pré-pandemia (65,3%), enquanto, na transpandemia, predominaram as apendicectomias abertas (55,1%). As complicações pós-operatórias na série da pandemia foi de 29,3%, contra 23,8% antes da pandemia. As reoperações foram necessárias em 10,7% no período da pandemia, contra 5,5% em 2019. A taxa de apendicectomias negativas esteve mantida, em ambos os períodos, em 4,2 e 4,4%, respectivamente. Conclusão – O impacto da pandemia de COVID-19 produziu mudanças significativas no tempo de evolução de sintomas, diagnóstico e tratamento cirúrgico da AA, relacionadas com maior gravidade, taxa de reoperações, tempo de permanência hospitalar e complicações pós-operatórias.