Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Pavanelli, Larissa
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Orientador(a): |
Oriá, Arianne Pontes |
Banca de defesa: |
Santos Neto, Elitieri Batista dos,
Goldberg, Daphne Wrobel,
Montiani, Fabiano,
Oriá, Arianne Pontes |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal nos Trópicos (PPGCAT)
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Departamento: |
Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41170
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Resumo: |
A anatomia do olho dos cetáceos difere dos mamíferos terrestres e apresenta adaptações específicas para o meio aquático, como a capacidade de se ajustar às propriedades e desafios do ambiente aquático. Possuem adaptações marcantes, como a esclera e córnea mais espessas, alta vascularização e músculos extraoculares bem desenvolvidos. A oftalmologia veterinária de mamíferos marinhos é uma área emergente e pouco explorada, com os estudos concentrados em pinípedes e odontocetos e poucos estudos em misticetos de vida livre. O presente trabalho objetivou analisar e descrever as estruturas anatômicas dos olhos de baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) e eventuais processos patológicos, relacionando as dimensões das estruturas oftálmicas com a faixa etária, sexo e comprimento total do animal, através do uso de ultrassonografia e histologia. Para tanto, utilizou 21 olhos, provenientes de 19 indivíduos, que encalharam vivos e foram a óbito ou mortos, entre os municípios de Linhares/ES e Salvador/BA, entre os anos de 2001 e 2019. Dezessete (17) indivíduos foram classificados como código 2 (carcaças frescas, sem sinais de decomposição) e dois indivíduos como código 3 (carcaça em moderado estágio de decomposição), com faixa etária predominante de filhotes (n=15), seguido de juvenis (n=3) e um único exemplar adulto. Com relação ao sexo, foram 12 machos e cinco fêmeas, dentre os indivíduos com sexo determinado (n=17). Os achados ultrassonográficos demonstram que a córnea desses animais é mais delgada no centro do olho e mais espessa na periferia, com lente de formato ovalado. Parte dos animais (n=14) apresentou uma estrutura filamentar intraocular, que se origina próxima ao nervo óptico e se estende à lente. Entre as alterações encontradas ultrassonograficamente, houve prevalência de descolamento de retina (n=13) e alterações em córnea (n=10), com irregularidades e espessamento e, histologicamente, predominância de alterações circulatórias (n=6), com a hipótese de que as alterações circulatórias encontradas são decorrentes de alterações sistêmicas ocorridas durante o encalhe desses animais. Estatisticamente, uma correlação positiva foi encontrada entre o tamanho do animal e algumas variáveis, como largura do bulbo (r=0,021), espessura da lente (r=0,010) e diâmetro da lente (r=0,020). Diferenças significativas das médias foram encontradas quando comparada a faixa etária dos animais, entre filhotes e juvenis, nas variáveis largura do bulbo (ρ=0,019), espessura da córnea no centro (ρ=0,012), diâmetro da lente (ρ=0,018) e espessura da lente (ρ=0,028). Não houve diferenças nas variáveis analisadas (largura do bulbo, espessura da córnea no centro e extremidades, espessura da córnea no centro e nas extremidades, espessura da cartilagem escleral nas duas extremidades, espessura da câmara anterior, espessura e diâmetro da lente, vítreo, comprimento axial do bulbo, espessura da câmara posterior, espessura do corpo ciliar e diâmetro do nervo óptico) quanto ao sexo do indivíduo. Histologicamente, a córnea é dividida em cinco camadas, sendo a camada epitelial dividida em 13 camadas de células, separadas pela membrana de Bowman e a íris possui o músculo dilatador pouco desenvolvido e o músculo esfíncter mais desenvolvido. A retina é constituída por dez camadas fotossensíveis, com presença de cones e bastonetes e possui uma estrutura formada por tecido conjuntivo frouxo, entremeada por vasos sanguíneos, que se origina na região do nervo óptico e se estende por toda a câmara 21 vítrea, até a lente e possui uma rede oftálmica forma um emaranhado de vasos arteriais e venosos, dispersos em tecido conjuntivo abundante e o músculo ciliar é vestigial. A estrutura intraocular, histologicamente, se origina na região central do nervo óptico e se estende por toda a câmara vítrea, até se fixar à lente e é formada por tecido conjuntivo frouxo, entremeada por vasos sanguíneos. Devido as dimensões dos olhos de baleia-jubarte, o estudo mostrou que os transdutores lineares com alcance entre 7 a 12 MHz e os convexos com alcance entre 2 a 5,5 MHz se mostraram mais adequados para a visibilização das estruturas. Os achados ultrassonográficos e histológicos corroboram com os achados em literatura descritos para outros misticetos na morfologia da maioria das estruturas. A estrutura filamentar encontrada não está descrita em qualquer outra espécie de cetáceo e permanece com a função desconhecida, porém pode-se tratar de um tecido de sustentação da lente, uma vez que ela parece se esticar e retrair, ou, ainda, que ela seja uma persistência hiperplásica do vítreo primitivo, uma anomalia congênita relatada em outras espécies de animais, embora nesse estudo haja uma alta prevalência dessa estrutura. A oftalmologia em animais marinhos ainda é pouco explorada, em especial quando se trata de misticetos e novos estudos se fazem necessários para esclarecer as funções das estruturas oculares, gerando informações que podem auxiliar os médicos veterinários durante o atendimento de encalhe de grandes cetáceos e gerar conhecimento para ações de conservação. |