Comportamento de filhotes de baleia jubarte, Megaptera novaeangliae, na região ao redor do Arquipélago dos Abrolhos, Bahia (Brasil)

• Ano de defesa: 2006
• Autor(a) principal: Bisi, Tatiana Lemos
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Abrolhos Archipelago; Arquipélago dos Abrolhos; Baleia jubarte; Behavior; Calves; Comportamento; Filhotes; Humpback whale
• Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-20082007-112756/

A fim de caracterizar o comportamento de filhotes de baleia jubarte, este estudo foi conduzido ao redor do Arquipélago dos Abrolhos, um importante sítio de nascimento e cria da espécie no Brasil. Foram investigados aspectos do desenvolvimento comportamental dos filhotes, diferenças comportamentais entre filhotes nascidos em diferentes temporadas reprodutivas e, também, a influência da presença de um escorte no comportamento dos filhotes. Os dados foram coletados entre os anos de 1998 a 2004, entre os meses de julho a novembro, a partir de um ponto fixo de observação no topo da Ilha de Santa Bárbara, no Arquipélago dos Abrolhos. O método utilizado foi o de amostragem de animal focal, com registro de todos os eventos e estados comportamentais realizados pelos filhotes, com o auxilio de um teodolito. 207 observações focais foram analisadas, totalizando 313,65 horas de amostragem. Os filhotes apresentaram um repertório comportamental bastante diverso e com uma grande variação quanto à taxa de ocorrência. Os eventos mais freqüentes foram ARQUEAMENTO DO PEDÚNCULO, SALTO, EXPOSIÇÃO DE UM LOBO DA CAUDAL e BATIDA DE CAUDAL; os poucos freqüentes ou raros foram SLASH DE CAUDAL, BARRIGA PARA CIMA, ACENANDO e ALONGAMENTO DO PEDÚNCULO. Entre os estados comportamentais, os filhotes permaneceram a maior parte do tempo em NATAÇÃO, sendo observado em média 42,21% do tempo. MILLING foi o segundo estado mais freqüente (média: 29,86%), seguido de REPOUSO (média: 20,91%) e ATIVO (média: 7,02%). A alta freqüência de ocorrência de alguns eventos e o tempo gasto em NATAÇÃO sugerem a importância desses comportamentos no desenvolvimento da coordenação e aptidão motora, fortalecimento da musculatura e melhora da resistência nos filhotes. Dessa maneira, os filhotes desenvolvem habilidades necessárias para interações sociais futuras e reprodução e, também, para necessidades do momento, como o desenvolvimento da relação com a mãe, amamentação e preparação para a migração. A análise do comportamento dos filhotes nas três fases da temporada reprodutiva mostrou que os filhotes aumentaram a taxa de ocorrência dos eventos ARQUEAMENTO DO PEDÚNCULO, EXPOSIÇÃO DE CABEÇA, BATIDA DE CABEÇA, EXPOSIÇÃO DE UM LOBO DA CAUDAL e EXPOSIÇÃO DE PEITORAL. Entretanto, não foi possível identificar estágios de desenvolvimento específicos. Dez dos 18 eventos comportamentais apresentaram diferenças na taxa de ocorrência entre filhotes de temporadas distintas, assim como a proporção do tempo gasto em REPOUSO pelos filhotes foi diferente. Apesar destas diferenças observadas entre alguns anos, não foi identificado um padrão temporal. Na presença de um escorte o comportamento dos filhotes mudou: a taxa de ocorrência de ARQUEAMENTO DO PEDÚNCULO, EXPOSIÇÃO DE CABEÇA e COLO foi significativamente menor. Adicionalmente, os filhotes permaneceram mais tempo em NATAÇÃO e menos tempo em REPOUSO do que quando estavam acompanhados apenas de suas mães. Alguns trabalhos sugerem que a presença de um escorte pode proporcionar proteção ao filhote, porém, diante das alterações comportamentais observadas, e do aumento da velocidade média de natação, a presença do escorte parece não trazer benefícios, pelo contrário, parece ter um efeito negativo para o filhote, ao menos em termos energéticos.