Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Carvalho Filho, Evanilson Gurgel
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Orientador(a): |
Cunha, Marlécio Maknamara da Silva
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Banca de defesa: |
Carvalho, Alexandre Filordi de
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Cunha, Marlécio Maknamara da Silva
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Barbosa, Jonei Cerqueira
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Brazão, José Paulo Gomes
,
Paraíso, Marlucy Alves
,
Chaves, Sílvia Nogueira |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE)
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Departamento: |
Faculdade de Educação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35594
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Resumo: |
Esta tese toma como objeto de investigação o currículo das narrativas midiáticas seriadas, ignificando-o como um artefato implicado na “pedagogização” das existências e na delimitação de vidas como vivíveis e como matáveis. Fundamentado nas teorias pós-críticas em Educação, o presente trabalho objetivou investigar as imagens de vida e de morte nos ensinamentos de gênero, sexualidade e raça no currículo das narrativas midiáticas seriadas. Reconhecendo nesses marcadores da diferença social algumas linhas para a constituição de um “sorvedouro de vidas”, a questão central que mobiliza esta investigação e que intitula esta tese é: “o que faz um currículo que verte sangue?”. A tese aqui defendida é a de que o currículo das narrativas midiáticas seriadas, ao se constituir como um agenciamento biopolítico desterritorializado, tem atualizado as linhas de um dispositivo da catastrofização, convergindo para a produção de uma “subjetividade zumbi”. Inserindo-se no quadro de estudos em currículo sob inspiração do campo dos estudos culturais e das filosofias da diferença, examinou-se os discursos e as linhas constitutivas desse artefato em sua disponibilização de posições de sujeito e modos de subjetivação. A análise desse material incidiu em uma articulação de diferentes orientações metodológicas pós-críticas, produzindo uma “metodologia-zapping”, fundamentada especialmente na análise do discurso de Michel Foucault e na cartografia de Gilles Deleuze e Félix Guattari. A tese mostra que o currículo das narrativas midiáticas seriadas tem demandado modos de vida em registros precários, convergindo para a produção de uma subjetividade zumbi. Tal subjetividade zumbi refere-se ao modo do sujeito relacionar-se consigo mesmo, na fruição de variadas posições de sujeito disponibilizadas por esse currículo, em uma composição modelizada, serializada, programada. As análises evidenciam que há, nesse currículo, uma hibridização de regiões de controle – espaços cuja função é a de capturar, controlar, dominar, aniquilar a diferença – e as zonas de escape – agenciamentos que provocam fissuras nos modelos hierarquizantes, permitindo que a audiência das narrativas midiáticas seriadas possa fabular outros modos de existência. Em suas regiões de controle, o referido currículo tem uma dupla ação. Por um lado, está envolvido em uma política normalizadora de dissimulação das expressões de gênero e de sexualidade através de uma “tecnologia de cafetinagem”. Por outro, aciona uma “tecnologia de apoptose” frente a marcadores da diferença, criando e articulando significados que procuram justificar a possibilidade de expurgo do que considera indesejado por meio de uma “pedagogia apocalíptica” relacionada às práticas de programação da morte. Embora esse currículo acione uma necropolítica que objetive eliminar os/as infames e obscenos/as, ele terá de enfrentar uma resistência tão inventiva, astuciosa e agitadora quanto o poder que exerce. Para tanto, esse artefato aciona as zonas de escapes criativos nesse espaço normalizador e inaugura existências menores, concorrendo para a produção de um “currículo-menor” que articula o amor e o riso como vetores de desagregação dos investimentos de cafetinagem e extermínio. Por conseguinte, o currículo das narrativas midiáticas seriadas é um artefato coextensivo às nossas existências, de modo a verter sangue, mas também transbordar vida. |