Memória de mulheres negras e o acolhimento institucional de seus filhos: um debate relevante para o serviço social

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Barreto, Daiane Dantas lattes
Orientador(a): Brito, Ângela Ernestina Cardoso de
Banca de defesa: Brito, Ângela Ernestina Cardoso de, Euclides, Maria Simone, Noronha, Valéria dos Santos
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Serviço Social
Departamento: Instituto de Psicologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35948
Resumo: O presente trabalho visa analisar como as desigualdades de raça, gênero e classe impactam na necessidade do acolhimento institucional de crianças e adolescentes negros. O acolhimento institucional de crianças negras decerto não é algo recente, teve seu nascedouro no Brasil colônia e desde então demarca nitidamente a questão de raça, gênero e classe, na medida em que são, historicamente, filhos de mulheres negras e pobres que são afastados dos seus lares. A investida no processo de destituição da humanidade das mulheres negras está em curso desde a era escravocrata e se operacionaliza por inúmeros mecanismos, e aqui consideramos que o afastamento de seus filhos seja mais um deles. A pesquisa foi desenvolvida a partir da revisão bibliográfica sobre as relações raciais no Brasil, sobre o acolhimento institucional de crianças e adolescentes, relevando as políticas públicas sociais acessadas- ou não- por mulheres negras e à luz da trajetória de vida da Sheila, participante deste estudo. Assim, elegeu-se a história de vida como técnica de coleta de dados, por concebê-la a mais adequada aos intuitos da pesquisa e à proposta epistemológica que atravessa todo seu desenvolvimento. Para tanto, tomamos como ponto de partida a história de lutas e resistência das mulheres negras em prol da sua liberdade e da dos seus, bem como a luta pelo seu direito a maternar. Seguimos historicizando o acolhimento institucional de crianças e adolescentes negros, na expectativa de identificar quais questões do passado ainda persistem e refletem no presente na vida de crianças e adolescentes negros, bem como de suas famílias. Por fim, no último capítulo, apresentamos a história de vida da participante deste estudo, a fim de visibilizar sua história enquanto mulher negra que teve filhos em situação de acolhimento institucional no município de Salvador/BA e experimentou todo o “azar” de ter nascido mulher, negra e pobre. A análise de dados foi feita por meio da técnica da Análise do Discurso (AD), na perspectiva da sociologia das ausências e emergências de Boaventura Santos (2010). Como resultados da pesquisa constatamos que a condição histórica de subalternidade em que foram posta às mulheres negras brasileiras, reflete em suas condições de vida, como no caso de Sheila, e está intrinsecamente vinculada ao afastamento de seus filhos da sua convivência na atualidade, assim como foi outrora. Identificamos ainda que as mulheres negras figuram nos piores índices de acesso a políticas públicas- saúde, educação, emprego e renda, moradia, saneamento básico- em razão do racismo e sexismo que operam perversamente sobre suas vidas, o que rebate diretamente na sua capacidade protetiva em relação a seus filhos. Por outro lado, também encontramos registros da histórica e constante luta das mulheres negras por liberdade e melhores condições de vida, tal como atesta a história de vida da participante da pesquisa.