Há produção do comum no trabalho de rua?: instabilidades, conflitos e solidariedade no espaço público

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Bouças, Rose Laila de Jesus lattes
Orientador(a): Fernandes, Ana Maria lattes
Banca de defesa: Figueiredo, Glória Cecília dos Santos lattes, Fernandes, Ana Maria lattes, Franco, Angela Maria de Almeida lattes, Silva, Regina Helena Alves da lattes, Tonucci Filho, João Bosco Moura lattes, Lima, Adriana Nogueira Vieira
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) 
Departamento: Faculdade de Arquitetura
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39590
Resumo: Esta tese investiga a natureza do trabalho de rua, buscando explorar de que maneira ele pode ser compreendido e interpretado para contribuir com a concepção dos comuns urbanos. A pesquisa examina a atividade do(a) trabalhador(a) de rua como uma expressão permanente de uma sociedade desigual, focando em três instâncias: a visibilidade de pobres e negros, a incompatibilidade entre espaço público e trabalho, e as perspectivas relacionadas à constituição de comuns urbanos. A discussão é iniciada tratando sobre as raízes coloniais do trabalho de rua para avançar sobre sua concepção enquanto trabalho informal. Aqui, a teoria dos circuitos da economia proposta por Milton Santos compõe um importante lastro teórico que permite compreender a atividade estudada com maior complexidade, inclusive por facilitar seu entendimento enquanto um segmento da economia dos setores populares. Esses aportes teóricos são fundamentais para nos direcionarmos em uma nova perspectiva que considera a importância das táticas de vida criadas pelas classes populares, permitindo-nos afastar de uma concepção que as trata apenas como vítimas. No percurso desenvolvido, a discussão encaminha-se assim para a formação da esfera pública burguesa e suas derivações para concepção do espaço público, local onde a atividade se apresenta. As ruas que estudamos aqui, especificamente, guardam a singularidade de estarem inseridas na região central da cidade, onde se manifestam conflitos e ações políticas do estado. Deste modo, consideramos importante analisá-las sob a ótica da teoria dos espaços luminosos e homens lentos, a fim de conduzir criticamente a compreensão dessa atividade numa sociedade estruturalmente racista e segregadora. Como então podemos compreender o que a atividade do(a) trabalhador(a) de rua produz para além da ocupação das ruas, como frequentemente se trata? Buscamos então investigar uma abordagem do trabalho de rua em sua interface com a produção do comum, tendo a pragmática vitalista proposta por Verônica Gago como um importante suporte. A metodologia empregada inclui uma abordagem feminista do “pensar situado”, que reconhece a importância dos “saberes localizados” onde se integram as experiências de sujeitos marginalizados na produção de conhecimento. A pesquisa organiza e reúne duas etapas distintas: a primeira desenvolvida durante o mestrado da autora, que analisou a apropriação do espaço público pelos(as) trabalhadores(as) de rua em Salvador, e a segunda que se dá no desenvolvimento da presente tese, em seu processo de adaptação ao contexto pandêmico. Assim constroem-se narrativas sobre o trabalho de rua, fundamentais para dar relevo à compreensão da dinâmica estudada.