Dançando sobre vulcões: educação escolar como arte de governamento do desejo e da diferença

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Amarildo Inácio dos lattes
Orientador(a): Sá, Maria Roseli Gomes Brito de lattes
Banca de defesa: Sa, Maria Roseli Gomes Brito de lattes, Raic, Daniele Farias Freire lattes, Cervi, Gicele Maria lattes, Gallo, Sílvio lattes, Barbosa, Jonei Cerqueira lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) 
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36504
Resumo: Nesta pesquisa investigo a relação educação escolar e diferenças na contemporaneidade neoliberal, organizada nos moldes de uma sociedade global de controle. De abordagem epistemológica pós-estruturalista, a investigação tem em Foucault, Deleuze, Guattari e respectivos comentadores do campo dos estudos curriculares, suas principais bases teóricas. Me movimentei a partir e em torno de quatro questões: 1. quais enunciados sobre diferença estão presentes em documentos que normatizam e/ou orientam a educação escolar brasileira? 2. Qual formação discursiva se configura da conjunção desses enunciados? 3. Como essa formação discursiva se insere nos currículos escolares contemporâneos? 4. Qual/quais função/ões essa formação discursiva desempenha ao ser inserida nos currículos escolares? A partir disso, delineei três objetivos: 1. mapear enunciados sobre a relação entre diferença e educação escolar em documentos que a normatizam e/ou orientam. 2. analisar os enunciados mapeados e a formação discursiva que eles configuram. 3. problematizar a inserção e o uso biopolítico dessa formação discursiva nos currículos escolares contemporâneos. Para isso, selecionei e analisei cinquenta documentos, de origem internacional e nacional, relacionados à diferença e/ou à educação escolar. A arqueogenealogia foi a estratégia teórico-metodológica analítica e, para produzir os dados, bricolei com a cartografia deleuzeguattariana. Os enunciados mapeados são: 1. Humano, 2. Igualdade-Equidade, 3. Tolerância, 4. Diversidade-Diferença, 5. Inclusão, 6. Liberdade, 7. Democracia 8. Cidadania 9. Educação escolar. As análises permitem argumentar que há pelo menos oito condições de possibilidade para a emergência da atual formação discursiva sobre educação escolar e diferenças: 1. Pós-modernismo/Pós-modernidade, 2. Fundação da ONU, 3. Promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 4. Estado de bem-estar social (Keynesianismo), 5. Lutas de movimentos sociais reivindicatórios e/ou contestatórios, 6. Expansão e aceleração da globalização, 7. Expansão do modelo de democracia liberal, 8. Redemocratização do Brasil e promulgação da Constituição Federal de 1988. Esses acontecimentos produziram mudanças no âmbito global e nacional, possibilitando a proliferação de outros enunciados sobre educação escolar e diferenças em distintos contextos sociais. Esses enunciados configuraram uma formação discursiva e os organismos multilaterais operam como forças centrípetas, canalizando-a e difundindo-a globalmente. Acatada como verdade, a formação discursiva reverbera em documentos que normatizam e/ou orientam a educação escolar e em currículos. A partir das análises, defendo a tese de que essa formação discursiva possibilita o aparecimento de uma arte de governamento do desejo e da Diferença. Ao atravessar os currículos, a formação discursiva reproduz verdades que recalcam o desejo em subjetividades. A Diferença que escapa é representada como desvio e a multiplicidade é reduzida a dois polos dicotômicos. A formação discursiva recalca o desejo e reduz a Diferença à diferença, à diversidade, para paralisar provisoriamente os fluxos desejantes e os canalizar pelas estrias do socius, possibilitando o governamento simultâneo do desejo e da Diferença.