Praias da Costa do Descobrimento: Uma Contribuição para a Gestão Ambiental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Silva , Iracema Reimão
Orientador(a): Bittencourt, Abílio Carlos da Silva Pinto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: Geologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23365
Resumo: Devido aos seus diversos atrativos para o desenvolvimento humano e para atividades recreacionais, as praias têm atraído um número cada vez maior de turistas. Contudo, por serem ambientes altamente instáveis e sensíveis, o seu uso desordenado acaba por comprometer a sua qualidade estética e ambiental, comprometendo a própria atividade turística. As praias da Costa do Descobrimento, devido à sua beleza natural e importância histórica e cultural, é hoje um dos principais destinos turísticos do Brasil. Esse trecho costeiro engloba praias com características bastante diversificadas, tanto do ponto de vista natural como da ocupação antrópica, e essa diversidade requer um manejo particular, que permita o seu desenvolvimento com atividades compatíveis com as suas características. A avaliação das condições morfodinâmicas das praias da Costa do Descobrimento e as suas implicações nos riscos para os banhistas indicou um alto nível de segurança para a maioria das praias. A partir da construção de diagramas de refração, através do software Mike-21, foi possível mapear zonas de alta energia das ondas ao longo da Costa do Descobrimento e definir os padrões de dispersão de sedimentos ao longo da costa, onde foram identificadas zonas de convergência e divergência da deriva litorânea efetiva. De acordo com a classificação desenvolvida pela NOAA, a maior parte das praias da Costa do Descobrimento apresenta uma sensibilidade ambiental média a alta a derrames de óleo. Em função dos critérios aqui adotados, constatou-se que 16% das praias da Costa do Descobrimento apresentam qualidade recreacional baixa, 52% qualidade recreacional média e 32% qualidade recreacional alta. A avaliação do nível de antropização das praias, realizada a partir da análise de aspectos como a alteração da paisagem natural, poluição de rios e canais, presença de lixo antrópico, construções a beira-mar e barracas de praia, indicou que a maior parte das praias da Costa do Descobrimento apresenta um nível de antropização médio e baixo, exceto as praias de Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro e Arraial D’Ajuda, que apresentam um nível alto de antropização. A comparação das tendências erosivas indicadas pelo padrão geral de dispersão de sedimentos com o quadro atual de erosão mostra a associação das zonas de divergência com a erosão observada na planície sul do Rio Jequitinhonha e com os trechos de falésias ativas que ocorrem em Trancoso, ao sul de Itaquena e entre Corumbau e Prado, tendo sido nestes trechos a erosão considerada como de longo-termo. Além destes trechos, ocorre erosão i) em Coroa Vermelha, Ponta Grande, Santo Antônio, Arraial D’Ajuda e Cumuruxatiba, associada provavelmente a padrões complexos de refração e de difração na retaguarda de bancos de arenito e de recifes de corais; ii) em Santa Cruz Cabrália, próximo à foz do Rio João de Tiba, e em Porto Seguro, próximo à foz do Rio Buranhém, devido à dinâmica de desembocaduras fluviais e iii) ao norte de Porto Seguro e ao sul da Ponta do Corumbau, associada provavelmente a aumentos locais na intensidade do transporte litorâneo. Nestes locais os dados disponíveis não foram suficientes para indicar se estes processos erosivos são de curto ou longo-termo. Algumas sugestões, de caráter geral, para o plano de manejo das praias da Costa do Descobrimento, incluem: a implementação de táticas de gerenciamento que tenham como base as células de deriva litorânea identificadas na área; a realização de estudos mais detalhados que permitam o estabelecimento de uma linha de set-back para as construções ao longo da costa; estabelecimento de técnicas que considerem tanto as condições existentes atualmente como as modificações que venham a surgir com uma eventual subida do nível do mar; e, por fim, a elaboração de um plano que contemple propostas de longo alcance para a área, evitando problemas a sotamar em trechos de trânsito livre de sedimentos.