O papel das crenças maternas sobre as emoções das crianças na socialização emocional dos filhos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Anjos Filho, Nilton Correia dos
Orientador(a): Alvarenga, Patrícia
Banca de defesa: Neufeld, Carmem Beatriz, Abreu, José Neander Silva
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31190
Resumo: As crenças parentais acerca das emoções dos filhos são compreendidas como ideias, suposições, regras e avaliações que os pais podem ter a respeito do valor das emoções, da expressividade emocional e da regulação das emoções. De acordo com a Teoria Cognitiva e com a Filosofia da Metaemoção Parental, as crenças dos pais sobre processos emocionais mediariam a relação entre a expressividade emocional da criança, com função de estímulo ambiental, e as práticas de socialização emocional, que seriam a resposta comportamental dos pais a essa estimulação antecedente. O desenvolvimento emocional das crianças, por sua vez, seria afetado pela interação entre esses fatores. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar o papel das crenças maternas acerca das emoções das crianças nas práticas de socialização emocional dos filhos. Para tanto, foram realizados dois estudos complementares. O Estudo 1 examinou as relações entre as práticas de socialização emocional e as crenças maternas sobre as emoções das crianças por meio de um delineamento correlacional. Participaram do Estudo 1 33 mães de crianças entre 6 e 7 anos de idade, selecionadas por conveniência em duas escolas da rede particular de ensino da cidade de Salvador/BA. As mães responderam a uma ficha de dados sociodemográficos, à Escala de Reações Parentais às Emoções Negativas dos Filhos (CCNES) e ao Questionário de Crenças Parentais sobre as Emoções das Crianças (PBACE). Análises de regressão confirmaram o poder preditivo das crenças sobre o custo da positividade sobre as práticas punitivas, de ignorar e de minimizar respostas emocionais, e também sobre o agrupamento das práticas não apoiadoras da expressividade emocional da criança. Ademais, foi confirmado o poder preditivo das crenças no valor da raiva, que correlacionaram-se positivamente com as práticas de incentivo e com o agrupamento das práticas apoiadoras da expressividade emocional. O Estudo 2 teve como objetivo avaliar os efeitos de um programa de intervenção direcionado às práticas de socialização emocional sobre as crenças maternas acerca das emoções das crianças. Participaram do Estudo 2 12 mães que compuseram a amostra do Estudo 1. As participantes foram designadas ao grupo intervenção (n=6) com base no critério único de interesse e disponibilidade para participar do programa “Vivendo Emoções”. As participantes do grupo comparação (n=6) foram selecionadas entre as mães que não participaram da intervenção, de modo a produzir um pareamento satisfatório com as díades do grupo intervenção, a partir dos critérios de sexo e idade da criança. O pré-teste correspondeu às respostas das medidas de crenças sobre as emoções e de práticas de socialização emocional realizadas no Estudo 1 e foi seguido pela implementação do programa no grupo intervenção. O programa foi implementado em oito sessões grupais com duas horas de duração cada, que aconteceram nas duas escolas em que o recrutamento do Estudo 1 foi realizado. O objetivo do programa foi promover práticas apoiadoras da expressividade emocional e reduzir as práticas não apoiadoras. O grupo comparação não foi submetido a nenhum tipo de tratamento. Após três meses da finalização da intervenção foi realizado o pós-teste em que as mães dos dois grupos responderam novamente à CCNES e ao PBACE. O resultado do Teste Wilcoxon revelou aumento da frequência de crenças maternas sobre o valor da raiva no grupo intervenção no pós-teste em comparação à avaliação no pré-teste. Os resultados do Teste Mann-Whitney revelaram ausência de diferenças significativas em todas as crenças examinadas na comparação entre os dois grupos no pós-teste. A discussão dos dois estudos realizados destacou o papel relevante das crenças maternas sobre as emoções das crianças como preditoras das práticas de socialização emocional dos filhos, e a importância de incluir atividades que contemplem a identificação e reestruturação de crenças disfuncionais nos programas de intervenção.