Olhos de sal: ancestralidade e memória em narrativas visuais performáticas afrodiaspóricas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Melo, Maria Cristina de Santana lattes
Orientador(a): Biriba, Ricardo Barreto lattes
Banca de defesa: Mesquita Jr., Edgard Oliva lattes, Ferreira, Ayrson Heráclito Novato lattes, Alcântara, Celina Nunes lattes, Santos, Renata Aparecida Felinto dos lattes, Biriba, Ricardo Barreto lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV )
Departamento: Escola de Belas Artes
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40554
Resumo: Esta pesquisa se inscreve em um contexto poético-reflexivo no cruzamento de três campos: Processos Criativos, Ancestralidade e Artes Visuais. Para alinhavar esta análise, é importante assinalar as aproximações, tensões, e problematizações acerca de como as realidades das mulheres negras da diáspora africana no Brasil podem ser motivadoras de uma poética em performance arte, vinculada às discussões estéticas e políticas da contemporaneidade, que possa promover uma reflexão sobre a importância da auto-escrita afirmativa negra no processo de criação artística que possibilite outras formas de existência e de olhar para essas questões. Tais relações perfazem uma escrita na trajetória poética da pesquisadora que, em mais de dez anos de prática artística no cenário profissional, gerou apresentações em performance, trabalhos em vídeo e fotografias, derivadas da pesquisa que se inicia com atravessamento do corpo pelos fatos sociais e pelas mazelas históricas direcionadas ao povo negro, e desemboca na busca pela relação entre ancestralidade, história e fabulação, como possibilidade de criação de outras narrativas visuais através da ativação das Imagens Itàn. Nesse itinerário formativo e criativo, buscou-se realizar um estudo auto investigativo através da performance e histórias de mulheres negras e identificar e examinar como os cruzadores teóricos – Ancestralidade, Encruzilhada e Performance – aliam-se aos princípios orientadores da poética da artista – noções emancipatórias constantes nas criações negras, tais como recriação das memórias atlânticas, as narrativas autobiográficas e a centralidade do corpo negro na performance – que constituem os interesses orientadores atuais. Nesse contexto, apresenta-se uma breve contextualização sobre a memória afro-diaspórica e a ritualidade do candomblé como tessitura metodológica e experiência de vida, aliada às relações da performance e questões históricas negras por meio da abordagem compreensiva em diálogo com autoras/es como Leda Maria Martins, Luiz Rufino, bell hooks, Muniz Sodré, Juana Elbein Santos, Marco Aurélio Luz, Angela Davis, Stuart Hall, Grada Kilomba, Márcio de Jagum. A estas/es se somam entrevistas, e análises de trabalhos de artistas de referência para a arte baiana e brasileira como Ayrson Heráclito, Renata Felinto, Laís Machado, Diego Araúja, Priscila Rezende, Val Souza, Yasmin Nogueira, Jamile Cazumbá, Castiel Vitorino dentre outras/os. Na pesquisa, são analisadas performances realizadas pela artista ao longo da sua trajetória, trançada à produção de outras/os artistas negras/os das artes performáticas com quem foram estabelecidos contatos e trocas, avaliando os pontos de convergência, referência e relação entre os processos criativos, os cruzadores teóricos e a poética experimentada e aprofundada. Os resultados apontam para as possibilidades de criação de narrativas visuais que partem dos atravessamentos e imersões oriundas das experiências de vida e da prática artística, que destacam os aspectos críticos e reflexivos na construção de uma estética e poética, que se alimenta da ancestralidade e do desejo de compartilhar histórias, imagens e presenças negras para além da dor.