Ancestralidade, ritual e encruzilhada: sobre a praxis de tradução negra em A morte e o Elesin do Alâfin E O ẸLẸṢIN DO ALÂFIN

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Menezes, Feva Omo Iyanu Souza lattes
Orientador(a): Souza, Carla Dameane Pereira de
Banca de defesa: Sales, Cristian Souza, Souza, Carla Dameane Pereira de, Hérnan Yerro, Jorge, Souza, Arivaldo Sacramento de, Cassilhas, Feibriss Henrique Meneguelli, Silva, Marielson de Carvalho Bispo da
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38437
Resumo: A Tradução Negra, enquanto componente pertencente ao campo dos Estudos de Tradução, apresenta-se como um mecanismo teórico e metodológico para o desenvolvimento de projetos tradutórios afrocentrados cuja finalidade maior é a construção de um diálogo igualitário entre os textos produzidos e traduzidos a partir de produções africanas e afrodiaspóricas. Partindo desse princípio, o desenvolvimento e a aplicação de um projeto de tradução afrocentrada, esta pesquisa teve como objetivo geral fazer a tradução literária da peça Death and The King’s Horseman, do escritor nigeriano Wole Soyinka, escrita em inglês e iorubá, para o português brasileiro. Para o desenvolvimento desta produção, foi feito a maturação de um projeto de tradução afrocentrada que concentrou-se, maiormente, em revisitar o conceito de Tradução de Encruzilhada, cunhado pela pesquisadora e tradutora Luciana Reis (2016) e, mais trade, revisto pela pesquisadora Feva Omo Iyanu (2018), buscando acrescer outros elementos que encorpassem a potência teórica e metodológica dessa ferramenta tradutória. Nesse sentido, o conceito foi encorpado a partir de sua reelaboração, levando em conta os seguintes fatores teóricos e metodológicos: i pensar a tradução doravante a perspectiva de ancestralidade; ii reestabelecer a questão do tempo e das temporalidades no processo tradutório, tomando como ponto de partida as encruzilhadas e as manifestações religiosas afro-brasileiras; iii e, por fim, discorrer sobre o ritual enquanto ferramenta tradutória que compõe a perspectiva de Tradução de Encruzilhada, ponderando sobre o processo de tradução negra como práxis tradutória assentada no corpo. Assim sendo, para a primeira parte, centrada na reconstrução historiográfica dos terreiros de candomblé, a tradição, a memória e a história africana e afrodiaspórica no Brasil, como também as perspectivas política e filosófica da ancestralidade, o diálogo se estabeleceu, dentre outras e outros intelectuais, a partir de Verger (1981), Reis (2005), Silveira (2005), Luiz Mott (1986), Laura de Mello e Souza (1986), Parés (2018), Moraes (1916), Freitas (1977), Bordieu (1979), Sodré (2017), Kabengele Munanga (2016), Tigana Santos (2019), Maurício Waldman (1998), Hampaté Bâ (2010), Kwasi Wiredu (2010) e Vanda Machado (2013); para a segunda parte, cuja a centralidade estava alicerçada em elaborar sobre o Espaço e o Território, as perspectivas de Tempo Africano e Tempo-imagético-espiralar, as trocas foram feitas a partir de nomes como Santos (2001), Ediho Lokanga (2021), SILVA-REIS (2018), Sodré (2019), Milton Santos (2001), Borges e Caputo (2016), Edson Carneiro (2008), Carrascosa (2016), John Mbiti (1989), Sunday Babalola e Olusegun Alokan (2013), ZorBari-Nwitambu e Sylva Ezema Kalu (2018), Kazeem (2016), Beniste (2010), Juana Elbein (2012) e Martins (2021); já na terceira parte, concentrada no Ritual como Ethos-Negro e os seus desdobramentos para o processo tradutório na Tradução de Encruzilhada, as elaborações foram gestadas a partir de intelectuais como Etim (2019), Fromm (1950), Kyalo (2013), Soyinka (1976), Santos (2012) e Burley (2020). Para além da abertura do campo teórico e metodológico no campo dos Estudos de Tradução, que também está inserido no campo dos Estudos Literários, esta pesquisa resultou na tradução afrocentrada da peça Death and The King’s Horseman, contribuindo, de mesmo modo, para o desenvolvimento de estudos voltados para outras áreas do conhecimento tais como as áreas de Artes Cênicas, História, Sociologia, Linguística, Antropologia, Estudos Étnicos e Religião.