A festa, o drama e a trama: Cultura e poder nas comemorações da Independência da Bahia (1959-2017)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Baldaia, Fábio Peixoto Bastos
Orientador(a): Moura, Milton Araújo
Banca de defesa: Guerra Filho, Sérgio Armando Diniz, Couto, Edilece Souza, Lourenço, Luiz Claudio, Dantas Neto, Paulo Fabio
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25957
Resumo: Essa Tese analisa as práticas e representações dos agentes no campo dos festejos da Independência da Bahia em Salvador de 1959 até 2017. Interpela o objeto a partir da aproximação entre as noções de cultura e poder, orientando-se pelo prisma da Sociologia da Cultura e em dialogo estreito com a História Cultural e a Antropologia Cultural. Tecnicamente, foi operacionalizada na observação participante e com a análise dos jornais. Partiu-se da problematização segundo a qual em Salvador os festejos da Independência da Bahia evidenciaram uma rede tensionada de práticas e representações que ofereceram o suporte para a construção, divulgação, encenação e fricção de identidades de diversas matrizes, colocadas em prática através de variadas formas de expressão, num processo que contou com a assunção de órgãos estatais enquanto agentes de racionalização e centralização da organização da festa. Objetivou-se entender os processos socioculturais de construção, divulgação, encenação e luta de representações, expressas nos desempenhos e calcadas em repertórios relativos à Bahia e ao Brasil. A Tese demonstra que as comemorações do 2 de Julho, a partir da segunda metade do século XX, mantiveram uma ampla diversidade de manifestações, entretanto, as possibilidades de viabilização, reconhecimento e afirmação foram alteradas devido às transformações modernizantes ocorridas na cidade, bem como na correlação de forças entre os grupos sociais no campo da festa. Nesse processo, os festejos foram gradualmente controlados por práticas institucionais, burocráticas e instrumentais dos órgãos estatais e, em menor medida, dos coletivos de militância política, que são estranhos à lógica originária da festa cívica baiana que era permeada por uma cultura popular predominantemente comunitária, oral, lúdica e informal. Em meio a esta dinâmica, as figuras dos Caboclos continuaram aportando elementos cívico-nacionais, estéticos, étnicos, políticos e religiosos aos agentes do campo, permanecendo fundamentais e contribuindo à durabilidade da festa. Desenvolveu-se nos festejos a contradição entre representações manifestas por diferentes agentes e grupos sociais em choque para estabelecer uma narrativa fundante legítima, o que faz da festa do 2 de Julho uma polifonia que formata uma ambivalente identidade cívica baiana, enunciada a partir de Salvador, que ao mesmo tempo fissura e sutura o espaço simbólico da comunidade imaginada nacional.