As significações de si das crianças abrigadas: um estudo de caso com crianças que passaram por reinserção familiar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Conceição, Bruno Ricardo Trindade
Orientador(a): Dazzani, Maria Virginia Machado
Banca de defesa: Moreno, Monica Roncancio, Dejo, Vania Nora Bustamante
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23977
Resumo: A institucionalização de crianças em unidades de acolhimento se caracteriza como uma medida protetiva prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, mediante suspeita ou comprovação de violência física, psicológica e sexual, maus tratos, negligência, abandono, entre outras situações de risco contra crianças e adolescentes. Após o acolhimento institucional a criança experimenta uma nova realidade, convivendo com outros sujeitos e vivenciando possibilidades diversas, como frequentar a escola, socializar com pares, e, portanto distanciando-se da vulnerabilidade experimentada na convivência do contexto familiar. Desse modo, é possível ressignificar suas experiências e (re) elaborar significações acerca de si, oportunizando novas possibilidade de se posicionar no mundo. Esse estudo foi conduzido a partir da fundamentação teórica da Psicologia Cultural Semiótica, que se debruça sobre a capacidade humana de criar signos e, o modo como estes orientam nossas ações, comportamentos e pensamentos no mundo, no qual tomamos como principal conceito a noção de Campo Afetivo semiótico. Aliado a isso, foi agregado ao corpo teórico da pesquisa a Teoria do Self Dialógico, que atribui ao desenvolvimento do Self a característica principal de descentralização proveniente dos diferentes posicionamentos do sujeito nas múltiplas experiências da vida, numa relação com figuras de referência. Esses posicionamentos se configuram como as significações de si, e, que por sua vez, se agrupam no interior dos campos afetivos semióticos. Esse estudo buscou investigar as significações de si construídas pelas crianças institucionalizadas em uma unidade de abrigamento em Feira de Santana. Buscando responder aos princípios da ciência idiográfica, foi realizado um estudo de casos múltiplos de cunho qualitativo com 3 crianças acolhidas, com idades entre 8 e 11 anos, utilizando-se de instrumentos como a entrevista narrativa e o desenho com história. Apresentaremos a análise dos casos Batman, Cinderela e Barbie, crianças com histórico de violência intrafamiliar e consequente acolhimento institucional. A análise dos casos evidencia indícios de significações de si ambivalentes diante de duas realidades opostas: as experiências vivenciadas no núcleo familiar marcadas por violações de direitos e privações e por outro lado a convivência no abrigo. O acolhimento pode possibilitar às crianças o estabelecimento de ressiginificações e novos posicionamentos emergentes a partir das 8 tensões e formações de Campos Afetivos Semióticos oriundos das relações estabelecidas no trânsito entre diferentes contextos, o familiar, o de acolhimento e o escolar. A partir dessa premissa e ancorados em reflexões acerca das condições psíquicas dessas crianças, enfatizamos a relevância de oportunizar dar 'voz' à crianças em situação de acolhimento para compreender a relevância na hierarquia dos seus posicionamentos e os sentimentos emergentes nas experiências vivenciadas. Escutar suas demandas a fim de potencializar ações no sentido de promover adaptações ao acolhimento, preparação para possíveis retornos à família de origem ou adoção, e ainda, promover reflexões que lhes permitam novos caminhos e possibilidades acerca de suas trajetórias.