TEMPOS DE PAZ E DE GUERRA: DILEMAS DA CONTEMPORANEIDADE NO FILME NHA FALA, DE FLORA GOMES

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Oliveira, Jusciele Conceição Almeida de
Orientador(a): Ribeiro, Maria de Fátima Maia
Banca de defesa: Cerqueda, Sérgio Barbosa, Bauiba, Mahomed
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28921
Resumo: O filme Nha fala (2002), uma comédia musical, do cineasta Flora Gomes, narra parte da história de Vita, uma jovem bissau-guineense, que carrega uma maldição familiar, que proíbe que as mulheres de sua família cantem e caso seja descumprida elas morrerão. No entanto, ao viajar para estudar na França e apaixonar-se por Pierre, canta, conhece o sucesso e resolve voltar para a Guiné-Bissau, para realizar o seu próprio funeral. A presente dissertação, centrada na análise do filme Nha fala, em sua problemática nuclear de múltiplos trânsitos, de financiamentos e apoios a temas e questões levantadas, realiza uma reflexão sobre o cinema africano na contemporaneidade, com suas aporias, caminhos e (o)posicionalidades. Destacando questões de nomenclatura e gênero cinematográficos, construção do roteiro e personagens, ou ainda a relação com os conceitos pós-colonialismo, neocolonialismo, neoimperialismo ou terceiro mundismo, a pesquisa partiu da discussão do termo pós-colonial, com base em Kwame Anthony Appiah (1997), Homi Bhabha (1998), Walter Mignolo (2003), Robert Stam (2003; 2006), Inocência Mata (2000; 2008), Stuart Hall (2006), Ella Shohat (2006) para estabelecer a correlação com o discurso de Flora Gomes nesse filme, eminentemente assente nos signos de trânsitos, superação, atrevimento e convivência harmoniosa, em um mundo até certo ponto globalizado. Para tanto, contextualizaram-se os cinemas africanos e o cineasta Flora Gomes, por meio de breves historiografia e biografia, bem como as possibilidades de classificação e inserção de Nha fala no âmbito do cinema mundial, pelos vieses de produção, circulação e recepção. Enfocando o enredo, o plurilinguismo, a musicalidade africana e, em especial, as músicas que compõem o filme e narram a história de Vita, examinam-se relações de tradições e modernidades através das partidas múltiplas e dos rituais funerários bissau-guineenses tchur e toka tchur, apresentados no filme, sob o prisma da temática dos trânsitos recorrentes na contemporaneidade, associados às transculturação e transculturação narrativa discutidas pelos teóricos Fernando Ortiz e Angel Rama, como pilares da leitura de relações culturais e sociais afirmativas, produtivas e de mão dupla entre a África e a Europa flagrada no filme em tela.