Afrometáforas em dança: espiralidades entre Salvador (Bahia) e Belo Horizonte (Minas Gerais)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Hugo Martins lattes
Orientador(a): Rengel, Lenira Peral
Banca de defesa: Rengel, Lenira Peral, Silva, Amanda Pinto da, Paixão, Maria de Lurdes Barros da
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Dança (PPGDANCA)
Departamento: Escola de Dança
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40293
Resumo: Esta pesquisa se dedica à análise dos elementos metafóricos presentes em danças negras enraizadas nas culturas das capitais mineira e baiana, identificados como afrometáforas. Ao entender a dança como uma manifestação cognitiva do corpo, este trabalho tem como objetivo demonstrar, por meio dos movimentos e gestualidades, as diversas formas de aglutinação, resistência e existência dos saberes e cosmovisões africanas ao longo da diáspora afro-brasileira, tendo as culturas, baiana e mineira, como contextos nos quais as danças se manifestam. Afrometáforas, entendidas como expressões cognitivas das tradições culturais afro-brasileiras, se manifestam e interagem nas práticas coreográficas e gestualidades das danças tradicionais em Minas Gerais e na Bahia. Essas manifestações metafóricas são influenciadas pelos contextos culturais locais, especialmente no âmbito da pesquisa em Dança? Contribuem para a preservação e ressignificação de elementos metafóricos e cosmovisões (Oyěwùmí, 2002) afro na sociedade brasileira? Conhecimentos transmitidos de muitos modos, escritos, gestuais, orais por mestres e mestras da dança em Minas Gerais e na Bahia evidenciam modos de ser/estar afro, na contemporaneidade, na memória e na cultura. Essa pesquisa demarca esses saberes como metáforas construídas no cotidiano (LAKOFF; JOHNSON, 2002). Nesta investigação analítica, de abordagem qualitativa e descritiva (GIL, 2002), são associados aspectos metodológicos de uma pesquisa participante (BRANDÃO, 1986) a procedimentos de atitude etnográfica (PIMENTEL, 2014), entrevistas em podcasts e análise de documentários são procedimentos da construção dos dados da pesquisa que se orientam na afroperspectiva (Noguera, 2021). O conceito de espiralidade (MARTINS, 2020) fissura a noção da temporalidade linear, vivifica conhecimentos forjados na diáspora afrobrasileira como estratégias de vida e fia a teia do conjunto de referências. A perspectiva enativa (MATURANA; VARELA, 2021) e o conceito de marcadores somáticos (DAMÁSIO, 2018), a noção de corponectividade e o procedimento metafórico do corpo (RENGEL, 2021, 2015, 2007) pensam as gestualidades em danças entre Minas Gerais e Bahia, o corpo tem uma perspectiva integrada, ou seja, aspectos biológicos, fisiológicos e intelectuais são parte dos constructos que partem da cultura. A pujança dos estudos de Fanon (2008) e Souza (2021) nucleiam a dimensão cognitiva-existencial negra na sociedade. Ao considerar a dança e o gesto como materializações de conhecimentos e modos de conhecer, assim como os sabores, o toque de um tambor ou até mesmo a forma de falar, identificamos combinações de metáforas multissensoriais que se revelam marcadores somáticos (Damásio, 2020). Metáforas negras emergem diferentemente em Belo Horizonte e Salvador. Essas afrometáforas apontam conhecimentos e modos de ser, de mover e dançar que se configuram nas pessoas. A dança como ação contextualizada apresenta metáforas e imagens multissensoriais relacionadas à cultura na qual se desenvolve. Reconhecer a importância do protagonismo negro na composição de elementos cognitivos presentificados nas culturas de Minas Gerais e Bahia que espiralam no tempo, oferece repertório para criar estratégias e modos de vida e de dança. As afrometáforas apresentam imagens de múltiplos sentidos que fortalecem a existência e potencializam o existir negro na Dança reiterando a necessidade das vivências culturais para os processos artísticos e de ensino e aprendizagem.