Entre crianças, queixas escolares e atendimento psicológico: um estudo sobre o serviço de psicologia de uma universidade pública baiana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Encarnação Júnior, Antônio Carlos Dias da
Orientador(a): Viégas, Lygia de Sousa
Banca de defesa: Souza, Marilene Proença Rebello de, Mortada, Samir Perez
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/18532
Resumo: Diante de um momento histórico marcado pelo aprofundamento das desigualdades sociais e aumento do desemprego na luta pela manutenção do capitalismo na condição de modo de produção da existência humana no século XXI, a educação escolar tem sido palco de intervenções político-ideológicas que têm proporcionado o aumento exponencial de crianças encaminhadas aos Serviços de Psicologia, por supostos problemas de comportamento e aprendizagem. A presente pesquisa teve como objetivo caracterizar as crianças encaminhadas por queixas escolares a um Serviço de Psicologia de uma universidade pública baiana, além de identificar as concepções teóricas e metodológicas que orientam as modalidades de atendimento prestadas a esta população. A pesquisa foi realizada através dos arquivos de prontuários deste Serviço, compostos por documentos como Ficha de Triagem, de Evolução do Caso, Encaminhamento Interno e de Encerramento. No total, foram explorados 312 prontuários do arquivo, dos quais 106 foram analisados detalhadamente por serem referentes a Queixas Escolares. Através da Ficha de Triagem identificou-se que, como apontado pela literatura da psicologia escolar e educacional, não se trata de toda e qualquer criança: são predominantemente meninos (69%), negros e pardos (67%), oriundos de famílias com renda até dois salários mínimos (71,6%), cursando entre o 2º e o 4º ano do ensino fundamental (39%) e com idades entre sete e 10 anos (48%). O sistema de categorização das Queixas Escolares utilizado inspirou-se na proposta de Marilene Proença Rebello de Souza (1996), que revelou que às crianças foram atribuídas 246 queixas, uma média de 2,3 queixas por criança. Estas foram referentes a Problemas de Atitude, em 41% dos casos, seguidas de Problemas de Aprendizagem, em 13%. Quanto às duas categorias juntas, foram 44% das queixas relatadas. Do total de 106 casos encontrados, os documentos subsidiaram a identificação de 60 atendimentos prestados por três Modalidades oferecidas pelo Serviço: Terapia Cognitivo-Comportamental (41), Ludoterapia (cinco) e Acompanhamento à Queixa Escolar (oito). Além das modalidades, foram descritos seis casos de avaliação psicodiagnóstica. Os achados indicam que o Serviço de Psicologia pesquisado ofereceu atendimentos em perspectivas patologizantes em duas modalidades: Terapia Cognitivo-Comportamental e Ludoterapia, assim como ofereceu resistência a tais abordagens hegemônicas através do Acompanhamento à Queixa Escolar. Os achados demonstram que o Serviço é um exemplo do embate político relacionado às práticas do psicólogo escolar e educacional frente às queixas escolares que se apresentam na atualidade.