Para além da visão: percepção racial e a crítica ao paradigma visuocêntrico na experiência de um cego congênito

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Abreu, Márcio Nunes de lattes
Orientador(a): Marsico, Giuseppina lattes
Banca de defesa: Guimarães, Antônio Sérgio Alfredo lattes, Valsiner, Jaan lattes, Lordelo, Lia da Rocha lattes, Jesus, Mônica Lima de lattes, Santana, Ramiro Rodrigues Coni lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40727
Resumo: Apesar do avanço das abordagens construcionistas sobre a raça, ainda encontramos dificuldade em desconstruir os pressupostos do senso comum a respeito das diferenças raciais. No Brasil, essa dificuldade tem se manifestado de maneira particularmente preocupante, tanto no meio acadêmico quanto na esfera política. Especificamente, isso se reflete na persistência em se tratar a aparência física como ponto de partida epistemológico para explicar a discriminação racial e seus efeitos correlatos. Neste trabalho, argumento que a crença de que a percepção racial resulta da apreensão visual de características físicas está diretamente ligada à ideia de que a visão é inerentemente capaz de fornecer informações objetivas sobre a realidade. A presente tese consiste em uma crítica do paradigma visuocêntrico, pelo qual a percepção racial tem sido compreendida como um fenômeno essencialmente visual. Para isso, realizo um estudo da percepção racial pela perspectiva da Psicologia Cultural Semiótica. A pesquisa parte de uma ampla contextualização do fenômeno, considerando seus aspectos histórico-sociológicos, antropológicos e psicossociais, com ênfase na sua manifestação no contexto brasileiro. Em seguida, introduzo o conceito de “imagens corporais racializadas” como unidade de análise, propondo uma compreensão da percepção racial como fenômeno psicocultural. Por fim, foi realizado um estudo de caso único, envolvendo entrevistas em profundidade com uma pessoa cega congênita. Com isso, procurei demonstrar que nossa capacidade de perceber a raça está além da visão, configurando-se como um processo inerentemente construtivo e impulsionado por demandas intersubjetivas que levam à participação ativa e integrada do indivíduo em uma sociedade racializada.