Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Teixeira, Emanuelle Fernandes |
Orientador(a): |
Paes - Machado, Eduardo |
Banca de defesa: |
Santos, Angela Cristina Guimarães,
Azevedo, Letícia Rodrigues de,
Hita, Maria Gabriela,
Oliveira Júnior, Pedro de,
Paes - Machado, Eduardo |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33798
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Resumo: |
A finalidade dessa pesquisa é compreender o processo de vitimização por estupro repetido, em mulheres no contexto soteropolitano, a partir da análise dos cenários e interações entre vítimas e agressores. O trabalho de campo foi realizado entre 2014 e 2017, através de uma rede de profissionais que prestam atenção a pessoas em situação de violência sexual. A metodologia adotada foi de natureza qualitativa e a coleta dos dados se baseou no roteiro semiestruturado. No total, 20 entrevistas foram realizadas com mulheres expostas repetidamente ao estupro, perpetrado por agressores conhecidos. A maior parte da amostra sofreu a violência há mais de um ano, mas ficaram expostas a longos períodos de vitimização. As interlocutoras eram parentes ou moravam como agregadas no domicílio dos agressores. Nesses cenários domésticos, a casa foi experenciada como um ambiente hostil, sendo, portanto, um espaço onde ocorre a rotinização do aparato predatório do agressor e das estratégias de resistência das vítimas. No âmbito da vitimização primária, o estudo abordou a violência psicológica, a violência física e a violência sexual. A vitimização psicológica foi percebida como uma constante na vida das mulheres, ao contrário da física que teve marcos temporais mais definidos. Os tipos de ameaças realizadas pelos agressores ajudaram a compreender o caráter processual da vitimização psicológica e seus efeitos longitudinais. Assim, a repetição do estupro foi interpretada sob o signo da noção de destino, em que as marcas mais graves não possuem formas físicas, sendo conceituadas como uma “ferida na alma”. Já na vitimização institucional, apareceram situações que apontam a falta de acolhimento das vítimas, envolvendo tanto agentes da segurança pública, quanto profissionais de saúde. Contudo, as interlocutoras identificaram no Serviço Viver um modelo diferenciado no atendimento das vítimas. No âmbito público, os agressores seguiam uma linha de atuação com o objetivo de afastar qualquer suspeita sobre estupro e o êxito dessa estratégia descredibilizava a versão das vítimas. Nesse sentido, o impacto da vitimização terciária foi percebido nas repercussões do estupro na família e em outros círculos sociais das vítimas. Por fim, essa pesquisa considera necessário fortalecer a rede de proteção das vítimas de violência sexual, em especial, do estupro, além de uma melhor integração entre as agências dessa rede e o aperfeiçoamento das metodologias e técnicas de intervenção. |