"FOLIAS DIVINAS EM REDES: Patrimônio Imaterial, Gestão Cultural e Economia Criativa na Festa de Iemanjá em Salvador".

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Queiroz, Mércia Maria Aquino de
Orientador(a): Oliveira, Paulo Cesar Miguez de
Banca de defesa: Leitão, Cláudia Sousa, D'Ávila, Vitor Aquino de Queiroz, Barros, José Márcio Pinto de Moura, Moura, Milton Araújo
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos
Programa de Pós-Graduação: Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34446
Resumo: Esta tese analisa a Festa de Iemanjá, celebração afro-religiosa realizada anualmente em Salvador, no Rio Vermelho, no dia dois de fevereiro, em homenagem ao orixá Iemanjá. Na contemporaneidade, ela ocupa lugar de destaque na vida social da cidade pelo seu aspecto simbólico e, ao mesmo tempo, experimenta inflexões com processos midiáticos, turísticos e de mercantilização. A pesquisa teve como princípio que a dinâmica da Festa de Iemanjá depende de articulações em rede, que envolvem diferentes atores sociais em busca da realização do festejo. As ações desses atores são guiadas por lógicas diferentes, muitas vezes conflituosas, e que envolvem valores simbólicos, a busca pelo lucro, questões de cidadania, entre outras. Utilizando de pesquisa secundária, entrevistas e pesquisa de campo de 2016 a 2019, além de análise de redes sociais, a investigação teve como objetivo mapear os atores que participam da Festa verificando as relações sociais que se estabelecem e estruturam diferentes situações, influenciando fluxos de ideias, materiais, informações e poder. Com abordagem de natureza qualitativa, a pesquisa permitiu que fossem analisadas experiências dos atores envolvidos com a Festa, investigados documentos sobre a mesma e examinadas interações entre os atores. A tese é apresentada em seis capítulos, sendo que a introdução revela o interesse pela pesquisa, experiências profissionais com ênfase na economia criativa, a proposta de investigação, objetivos, o recorte de pesquisa e pressupostos metodológicos. Em seguida, capítulo 2, são apontados os caminhos teóricos, de base multidisciplinar, que fundamentam o trabalho. O terceiro apresenta uma breve análise socio-histórica da festa e os seus novos movimentos, inclusive com a inserção de novos atores em sua dinâmica. A pesquisa acentuou indicativos que, para os pescadores e fazedores da festa, a principal lógica que rege a Festa de Iemanjá é a simbólica, de modo geral, e religiosa, em particular. Na sequência, o quarto capítulo traz o resultado do mapeamento dos atores fundamentais para a realização da Festa, suas atribuições e conexões. Entrevistas realizadas e documentos pesquisados evidenciam a existência de um arranjo gerencial da Festa com características próprias, pelo seu desenho reticular, articulando atores diversos com um objetivo comum que é a realização da festa para reverenciar Iemanjá. Indicam uma governança não formalizada, horizontal, que coordena e controla as ações necessárias para viabilizar a realização da festividade, de forma colaborativa, o que não significa a inexistência de conflitos entre eles. Apontam também as inovações tecnológicas a serviço da gestão da festa e conexões desta com o Turismo. No quinto capítulo a tese mostra que a Festa de Iemanjá possibilita a realização de diversos negócios que geram oportunidades de trabalho, ainda que temporário, e movimentos financeiros para a cidade, tanto no circuito festivo e arredores, como fora do circuito, porém com a apropriação do nome do Orixá e do seu significado simbólico. Concluindo, no capítulo 6, a tese aponta que a Festa de Iemanjá se realiza em redes diferenciadas de atores diversos marcadas tanto por conflitos como pela cooperação entre eles. Tanto as redes que se formam em torno da festa, como a potência da economia criativa nela encontrada, ancoram-se na sua dimensão simbólica e religiosa, contribuindo para a movimentação econômica no bairro e na cidade. Favorece ainda a criação de múltiplos mercados, dentro e fora do circuito festivo, e reforça, sobretudo, a importância das religiões afro-brasileiras e a devoção pelos Orixás.