Estudo da Microfauna de Foraminíferos do Sedimento da Superfície e da Subsuperfície da Plataforma e do Talude Continentais da Região Norte do Estado da Bahia (Salvador à Barra do Itariri)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Araújo, Tânia Maria Fonseca
Orientador(a): Machado, Altair de Jesus
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: Geologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23466
Resumo: Este trabalho foi desenvolvido na região norte do Estado da Bahia (Salvador a Barra do Itariri (37º30’W e 38º30’W / 12ºS e 13º8’S). Foi analisada a microfauna de foraminíferos presente em 38 amostras do sedimento superficial do fundo da plataforma e do talude continentais e, em 40 amostras selecionadas em quatro testemunhos, de 1,90 m de comprimento, do talude continental. Dessa forma, foi possível a definição de assembléias bentônicas, tendo como base a profundidade, a sedimentologia e a hidrodinâmica local, bem como a interpretação de eventos paleoclimáticos e paleobatimétricos que ocorreram durante o Período Quaternário, nesta parte da margem continental brasileira. Foram isolados 11.239 espécimes e identificados 322 Taxa, nas amostras do sedimento da superfície do fundo, os quais representam 91 gêneros, 312 espécies, seis subespécies, 10 formas e uma variedade. Nas amostras do sedimento dos testemunhos foram isolados 10.544 espécimes pertencentes a 312 Taxa, representando 96 gêneros, 302 espécies, sete subespécies, oito formas e duas variedades. A equitatividade das espécies é alta tanto nas amostras do sedimento da superfície do fundo, como nas amostras do sedimento da subsuperfície. Os padrões de distribuição e a freqüência das espécies dos foraminíferos permitiram a definição de assembléias de foraminíferos, cuja representatividade foi caracterizada pela freqüência de ocorrência constante (> 50 %) concomitante à freqüência relativa principal (> 5 %). As zonas batimétricas definidas apresentam granulometria e composição do sedimento características, como também as espécies de foraminíferos e a coloração e preservação das suas testas: a plataforma interna (0 – 20 m de profundidade), está caracterizada pela presença de sedimento dos tipos areia média e areia cascalhosa, siliciclástica à mista, pobremente selecionadas, compostas principalmente de grãos de quartzo e fragmentos de algas coralinas, com as seguintes espécies abundantes: Peneroplis carinatus, Archaias angulatus e Peneroplis proteus; na plataforma média (>20 m – 40 m de profundidade), predominam sedimentos dos tipos areia grossa e areia cascalhosa, pobremente selecionadas, carbonática a mista, predominantemente composta por fragmentos de algas coralinas, restos de moluscos e grãos de quartzo, apresentando as seguintes espécies abundantes: Peneroplis carinatus, Amphistegina gibbosa, Amphistegina lessonii, Peneroplis bradyi, Hanzawaia bertheloti e Textularia candeiana; na plataforma externa (>40 m – 60 m de profundidade), predomina sedimento do tipo areia cascalhosa, pobremente selecionada, carbonática, constituída principalmente por fragmentos de algas coralinas e restos de moluscos, tendo como espécies de foraminíferos abundantes: Amphistegina lessonii, Peneroplis carinatus, Amphistegina gibbosa e Peneroplis bradyi; o talude (>80 m – 300 m de profundidade), está caracterizado pela presença de areia lamosa carbonática, pobremente selecionada, constituída predominantemente de fragmentos de moluscos e de algas coralinas, apresentando as seguintes espécies abundantes: Amphistegina lessonii, Cibicides pseudoungerianus, Cassidulina laevigata, Bulimina marginata e Cassidulina subglobosa. Globigerinoides ruber é a única espécie de foraminífero planctônico representativa na plataforma externa e no talude continentais. O tipo de transporte dos sedimentos foi interpretado através do estado de preservação das testas dos foraminíferos, o qual sugere transporte por saltação, tração e arrasto na plataforma e por suspensão no talude continental. Os maiores valores dos índices de diversidade (Shanon – Wiener, 1948) e riqueza (Margalef 1958 apud Ludwig & Reynolds, 1988) das espécies de foraminíferos foram encontrados nas amostras da plataforma média e os menores valores nas amostras da plataforma interna. Aplicando metodologia semelhante àquela utilizada para as amostras do sedimento da superfície do fundo o sedimento dos testemunhos está caracterizado da seguinte forma: Testemunho 132 (730 m de profundidade), lama carbonática constituída, principalmente, de foraminíferos e fragmentos de moluscos do topo até 20 cm de profundidade e lama siliciclástica com fragmentos de plantas a partir de 60 cm de profundidade até a base, contendo nove diferentes assembléias apresentando como espécies abundantes: Globigerinoides ruber, Globigerina bulloides, Orbulina universa e Sphaeroidina bulloides; Testemunho 141 (790 m de profundidade), lama carbonática constituída, principalmente por foraminíferos no topo, e lama mista contendo predominantemente restos de moluscos e grãos de quartzo a partir de 20 cm de profundidade até a base, contendo seis diferentes assembléias com apenas duas espécies abundantes Globigerinoides ruber e Globigerina bulloides; Testemunho 147 (640 m de profundidade), lama carbonática constituída, principalmente, por fragmentos de moluscos, do topo até 60 cm de profundidade, e a partir de 80 cm até a base lama mista constituída predominantemente de restos de moluscos e grãos de quartzo, com cinco diferentes assembléias cuja espécie mais abundante é a Globigerinoides ruber; Testemunho 160 (480 m de profundidade), lama siliciclástica constituída, principalmente, por restos de moluscos, com seis assembléias diferentes e três espécies abundantes: Globigerinoides ruber, Bulimina marginata e Globigerina bulloides. Cibicides pseudoungerianus é a única espécie de foraminífero bentônico representativa em todos os testemunhos. O transporte do sedimento do talude pode ser interpretado como do tipo suspensão ou subsolifluxão. Os maiores valores dos índices de diversidade (Shanon – Wiener, 1948) e riqueza (Margalef 1958 apud Ludwig & Reynolds, 1988) das espécies de foraminíferos foram encontrados nas amostras do testemunho 160 e os menores valores nas amostras do testemunho 132. Os padrões de distribuição e freqüência dos foraminíferos planctônicos atribuíram às assembléias dos testemunhos conotação bioestratigráficas possivelmente correspondente às biozonas internacionais do Período Quaternário: Zona Z (Holoceno – interglacial) e Zona Y (Pleistoceno – glacial). As variações da freqüência das espécies planctônicas bioindicadoras, da freqüência entre os hábitos bentônicos e planctônicos dos foraminíferos e da freqüência das espécies bentônicas indicadoras batimétricas e de produtividade, ao longo dos testemunhos, sugerem variações eustáticas do nível relativo do mar, que estão relacionadas aos eventos climáticos globais durante o Quaternário. Essas indicações devem ser comprovadas através de datação 14C de espécimes de foraminíferos, cálculo de taxa de sedimentação e cronologia da variação isótopica de δ18O