Coinfecção por Strongyloides stercoralis e pelo Vírus-T Linfotrópico Humano do Tipo 1, outras infecções parasitárias e infecções sexualmente transmissíveis, em indivíduos de área urbana e rural na Bahia, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Barreto, Nilo Manoel Pereira Vieira lattes
Orientador(a): Soares, Neci Matos lattes
Banca de defesa: Soares, Neci Matos lattes, Souza, Joelma Nascimento de lattes, Souza, Robson da Paixão de lattes, Goulart, Juliane Araújo Greinert lattes, Allegretti, Silmara Marques lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas (PPGORGSISTEM) 
Departamento: Instituto de Ciências da Saúde - ICS
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36621
Resumo: Introdução: Tanto as parasitoses intestinais, quanto as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são um problema de saúde pública no mundo, cuja a relação com as condições de vulnerabilidade social é evidente. Nesse contexto, as coinfecções entre esses agentes são frequentes, como a infecção pelo S. stercoralis em indivíduos com o vírus-T linfotrópico humano do tipo 1 (HTLV-1), em torno de 2,4 vezes maior no mundo, do que na população geral. Objetivo: Identificar a presença das infecções parasitárias, enfatizando a coinfecção do HTLV-1 e Strongyloides stercoralis, em indivíduos atendidos em um centro de referência para HTLV em Salvador, Bahia, e das infecções parasitárias e sexualmente transmissíveis, em uma comunidade da zona rural de Camamu-Bahia, Método: Estudos epidemiológicos, descritivos e transversais, realizados no período de jan./2014 a dez./2019, com indivíduos portadores do HTLV-1, atendidos pelo Centro Integrativo Multidisciplinar da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador-Bahia (n=178) (grupo 1) e com residentes de uma comunidade rural, Camamu-Bahia (n=223) (grupo 2). As informações sobre as condições socioeconômicas, sanitárias e educacionais foram obtidas por questionário epidemiológico. O diagnóstico parasitológico foi realizado por sedimentação espontânea, Baermann-Moraes e Cultura em Placa de Ágar (CPA). O diagnóstico sorológico foi realizado para a detecção de anticorpos anti-S. stercoralis e outros métodos sorológicos padronizados pelo Ministério da Saúde do Brasil, sendo utilizados para diagnóstico das IST (HTLV-1/2, HIV-1/2, HBV, HCV e T. pallidum/Sífilis). Dosaram-se IgE sérica total e citocinas (IL-2, IL-4, IL-6, IL-10, TNF-α, INF-γ e IL-17) do sobrenadante do cultivo de células mononocleares de sangue periférico (PBMC) obtido dos pacientes da zona rural positivos para HTLV-1. Os indivíduos da zona rural que necessitaram de tratamento foram encaminhados para atendimento na Secretaria Municipal de Saúde de Camamu. Realizaram-se atividades de educação em saúde por meio de oficinas, para prevenção das parasitoses e IST. Resultados: Os indivíduos positivos para HTLV-1 atendidos na Escola Bahiana de Medicna e Saúde Pública, apesar de apresentarem condições socioeconômicas baixas, são, em sua maioria, moradores de áreas urbanas, cujas condições sanitárias são relativamente satisfatórias e, consequentemente, mostraram menor frequência de infecções por S. stercoralis (1,9%) e por outas enteroparasitoses. No entanto, dentre os indivíduos provenientes da área rural, atendidos também pelo mesmo Centro, a infecção por S. stercoralis foi cerca de nove vezes maior (17,6%). Na comunidade rural, dentre as IST, houve uma maior prevalência da sífilis (11,7%), seguida pela infecção com HTLV-1 (8,1%). Quanto às parasitoses, a taxa de infecção nessa comunidade foi de 73,9% e a frequência de anticorpos específicos IgG4 anti-S. stercoralis de 22,9%, cerca de três vezes superior à identificação de larvas nas fezes, de 7,2%. Com relação à frequência da coinfecção por S. stercoralis e HTLV-1, na comunidade rural foi observado 1,3% (3/223), considerando somente o diagnóstico parasitólógico. Quando considerados ambos os resultados do diagnóstico parasitológico e do sorológico (detecção de IgG4 anti-S. stercoralis), observaram-se 6,7% e, dentre os indivíduos portadores de HTLV-1, uma prevalência de 16,7%. A transmissão por S. stercoralis dentro dos núcleos familiares na referida comunidade demonstrou que um total de 53,3% dos indivíduos (119/223), com exame parasitológico e/ou sorológico positivos, estavam concentrados em 25 famílias. Nas famílias compostas por cinco ou mais indivíduos morando na mesma residência, a prevalência do S. stercoralis foi de 2,45 vezes maior em comparação aos indivíduos moradores em residências com menos 5 pessoas (p=0,028). Dos 18 indivíduos infectados por HTLV-1 na comunidade rural, 17 pertenciam ao mesmo núcleo familiar, sugerindo que, provavelmente, a transmissão ocorreu por via vertical. As dosagens das citocinas e de IgE total foram realizadas em 13 indivídios pertencente a esse núcleo familiar; desses casos, 10 estavam infectados com HTLV-1 e 3, coinfectados (S. stercoralis – hiperinfecção e HTLV-1), demonstrando níveis elevados de TNF-α (p=0,034) e IL-17 (p=0,011) e baixos níveis de IgE total. No processo de reconhecimento territorial e desenvolvimento da pesquisa, o relato da experiência dos pesquisadores na comunidade rural enfatiza a situação de vulnerabilidade social dos moradores, a receptividade e a confiança para com a equipe da pesquisa, a adesão ao tratamento e a participação ativa dos moradores nas oficinas de prevenção das infecções parasitárias e IST. Conclusão: As infecções parasitárias e as IST têm elevada prevalência na comunidade rural estudada. Indivíduos coinfectados com HTLV-1 e S. stercoralis, vivendo em condições sanitárias precárias, estão mais predispostos a desenvolver formas graves de infecção. Políticas públicas e investimentos para prevenção de agravos à saúde podem contribuir para melhorar a qualidade de vida das populações, principalmente as que vivem em condições de vulnerabilidade social.