Consequências clínicas e imunológicas da co-infecção HTLV-1 e helmintos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Porto, Maria Aurélia da Fonseca
Orientador(a): Carvalho Filho, Edgar Marcelino
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/35517
Resumo: Estudos prévios têm mostrado que a infecção pelo HTLV-I pode resultar em uma ativação e proliferação linfocitária, e uma exacerbada resposta imune Th1 com níveis altos de IFN-y. A infecção por helmintos está relacionada com produção de IgE e citocinas com um perfil Th2. Neste trabalho foi caracterizada a resposta imune de portadores de HTLV-1 e de pacientes com mielopatia asssociada ao HTLV-1 e a influência da infecção pelo HTLV-I no curso clínico e na resposta imune de pacientes com estrongiloidíase e esquistossomos. Adcionalmente, foi avaliada a influência da infecção por he1mintos na resposta imune (determinação de citocinas em sobrenadante e análise por FACS) e na carga proviral de indivíduos infectados pelo HTLV-I. Foi observado que indivíduos com mielopatia apresentaram níveis de citocinas pro-inflamatórias, especificamente o IFN-y, bem mais altos do que portadores assintomáticos, porém neste último grupo houve uma variação nestes níveis e 40% destes indivíduos tiveram níveis semelhantes aos pacientes com mielopatia. Além disso, os pacientes com mielopatia apresentaram maior proliferação linfocitária e maior freqüência de células T CD8+. Quando foi avaliada a influência do HTLV-1 na resposta imune ao S. stercoralis, foi documentado que pacientes com estrongiloidíase quando co-infectados pelo HTLV-1 apresentaram níveis mais baixos de IL-5, IL-13 e níveis mais altos de IFN-y do que pacientes que apresentavam somente estrongiloidíase. Estes achados podem justificar o fato de que pacientes co-infectados pelo HTLV-1 e S. stercoralis desenvolvam formas disseminadas da doença e menor resposta terapêutica a drogas anti-helmínticas. Achados imunológicos semelhantes foram observados em relação à co-infecção com HTLV-1 e S. mansoni. Os pacientes dualmente infectados pelo HTLV-1 e S. mansoni produziram mais IFN-y e menos IL-5, IL-10 e IgE específica para S. mansoni do que pacientes apenas com infecção pelo S. mansoni. A despeito de pacientes com HTLV-1 e S. mansoni apresentarem menor resposta ao tratamento a drogas anti esquistossomóticas, não foi encontrado fibrose hepática importante nesta população. Como helmintos levam a um ambiente rico em citocinas Th2, foi avaliado se a infecção por S.stercoralis e S. mansoni interfere na produção de citocinas e na carga proviral de indivíduos infectados pelo HTLV-I. Neste estudo foi documentado que quando os indivíduos infectados pelo HTLV-1 eram co-infectados por helmintos apresentaram níveis mais baixos de IFN-y em sobrenadante de culturas de linfócitos, menor freqüência de células CD4+ e células CD8+ expressando IFN-y, maior freqüência de células T expressando IL-5 e IL-lO e menor carga proviral. Adcionalmente, a infecção por helmintos foi menor no grupo de pacientes com mielopatia. Estes últimos dados sugerem que a infecção por helmintos pode modular a resposta inflamatória e se associa negativamente com doença neurológica associada a este vírus.